A pressão social por respostas na neurociência levou diversos pesquisadores a publicar artigos sem comprovações científicas — ou seja, falsos. Seja para reafirmar suas teses ou somente para preencher seus currículos, esses documentos circulam como se fossem verídicos, e o pior, sendo publicados em revistas científicas e jornais.

Um programa desenvolvido para detectar esses artigos falsos apontou que a maioria está passando despercebida pela revisão por pares. Na ciência, essa revisão é fundamentada em avaliar um trabalho acadêmico com base em outro estudo do mesmo campo, ou parecido.

O próprio estudo que visa comprovar a tese dos artigos falsos foi publicado como um artigo de pré-impressão, e ainda aguarda a própria revisão por pares. Se os resultados forem aprovados, representará uma grande preocupação no cenário da neurociência. Entenda como o programa funciona:

artigos
Imagem: Pixels Hunter / Shutterstock.com

Expandindo essa tese ao nível mundial, se a tecnologia fosse aplicada em todos os 1,3 milhão de artigos biomédicos publicados em 2020, mais de 300 mil teriam sido sinalizados com um sinal de alerta. É importante destacar que nem todos os artigos apontados são necessariamente falsos, mas as altas chances de artigos plagiados ou suspeitos deveriam ser melhor analisados antes da aprovação.

A cada 100 documentos com sinais de alerta identificados por esse recurso, cerca de 63 eram realmente falsos e 37 eram verdadeiros. “É muito difícil de acreditar”, disse Bernhard Sabel, neuropsicólogo da Universidade Otto-von-Guericke de Magdeburg, na Alemanha.

Como o problema ainda é percebido como pequeno (uma estimativa de 1 em 10.000 publicações), os editores e as sociedades científicas estão apenas começando a ajustar os procedimentos editoriais, de revisão por pares e de publicação.

Afirmam os pesquisadores envolvidos

O curso de cada artigo falso pode variar entre US$ 1.000 (cerca de R$ 5.000) a US$ 25.000 (R$ 124.975). Esses artigos geralmente não são tão bons, mas possuem qualidade o suficiente para serem aprovados e circular socialmente como se fossem verídicos.

Com informações de ScienceAlert