As enguias que espreitam em cavernas subaquáticas sombrias parecem estar se ajustando à escuridão. Isso porque parte delas tem nascido cega de um dos olhos – e sem a pele sobre o órgão.
O que você precisa saber:
A recém-descrita moreia-de-olhos-de-feijão (Uropterygius cyamommatus) é a primeira espécie de enguia conhecida a habitar cavernas anquialinas – cavernas esculpidas em rocha vulcânica ou calcária conectadas ao oceano e cujos níveis de água flutuam com as marés.
O estudo sobre essa espécie de enguia saiu na revista científica Raffles Bulletin of Zoology, no final de março.
Estudo sobre as enguias
Durante expedições à Ilha Christmas, na Austrália, e à Ilha Panglao, nas Filipinas, os cientistas encontraram dois espécimes que não tinham olhos esquerdos visíveis, sugerindo que as enguias podem estar se adaptando ao ambiente sombrio ficando cegas, um olho de cada vez.
Apenas dois espécimes da Ilha Christmas reduziram os olhos esquerdos e não podemos saber se é natural ou se apenas danificaram os olhos depois de nascer. Mas as proporções de seus olhos são as menores que já vimos em moreias, então especulamos que pode ser o resultado de adaptação ao ambiente afótico ou com pouca luz.
Wen-Chien Huang, doutorando em biotecnologia marinha no National Sun Yat-sen University em Taiwan e principal autor da pesquisa, em entrevista ao Live Science
Exploradores de cavernas capturaram essa espécie de enguia pela primeira vez na Ilha de Panglao em 2001. E vários espécimes estão alojados no Museu de História Natural Lee Kong Chian em Cingapura. Mas até agora, ninguém os havia reconhecido como sua própria espécie.
Como estudo foi feito
Para o novo estudo, Huang e seus colegas analisaram nove espécimes coletados entre 2001 e 2011. Dois deles tinham “um olho esquerdo reduzido embutido na pele”, sem alteração aparente na estrutura óssea subjacente.
Os pesquisadores acham que podem ter capturado a evolução em ação e que, na ausência de luz, a pele invadindo os olhos das enguias poderia salvá-las do alto custo energético associado à visão.
Não é incomum que os peixes que vivem em cavernas fiquem totalmente cegos. E muitas das quase 300 espécies de peixes que vivem em cavernas já passaram por isso.
Uma espécie intimamente relacionada com a enguia estudada na pesquina, a moreia de poucas vértebras (U. oligospondylus), tem olhos reduzidos de forma semelhante e espreita nas sombras entre pedras quebradas pelas ondas, onde confia em seu olfato para detectar presas.
Os cientistas ainda não sabem ao certo por que a pele está crescendo sobre os olhos das enguias e se essa possível adaptação ao habitat da caverna está se espalhando entre a população.
Devido ao baixo número de espécimes preservados, os pesquisadores não realizaram testes genéticos e outros testes moleculares para responder a essas perguntas, explicou Huang. “Essas são questões nas quais estamos interessados, mas só poderão ser resolvidas quando mais espécimes frescos estiverem disponíveis”, acrescentou.
Trajetória dessas enguias
Os pesquisadores capturaram os espécimes mais recentes dessas enguias há mais de dez anos com armadilhas e os conservaram em álcool.
Não está claro por que ou quando essa espécie de enguia se retirou para as profundezas sombrias da caverna. Mas os autores do novo estudo suspeitam que isso possa estar ligado a seus apetites vorazes.
Acho que uma das razões pelas quais eles foram habitar as cavernas é a fonte de alimento, já que existem crustáceos abundantes dentro das cavernas.
Wen-Chien Huang, principal autor da pesquisa, em entrevista ao Live Science
Os cientistas que as capturaram relataram que as enguias “gananciosas” devoraram avidamente a isca que usaram para atraí-las.
Com informações de Live Science
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Fonte: Olhar Digital
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