A Neuralink, empresa de implantes cerebrais de Elon Musk, disse, na noite desta quinta-feira (25), que tem aprovação regulatória para conduzir o primeiro ensaio clínico de seu dispositivo experimental em humanos.
A aprovação da FDA (Food and Drug Administration, a Anvisa dos EUA) é um marco para a empresa, que vem desenvolvendo dispositivo inserido cirurgicamente no cérebro por robô capaz de decodificar a atividade cerebral e conectá-la a computadores. Até agora, a empresa realizou pesquisas apenas em animais.
“Estamos entusiasmados em compartilhar que recebemos a aprovação do FDA para lançar nosso primeiro estudo clínico em humanos!”, a Neuralink anunciou no Twitter, chamando-o de “importante primeiro passo que um dia permitirá que nossa tecnologia ajude muitas pessoas”. Musk retuitou a postagem, parabenizando sua equipe.
A FDA e a Neuralink não responderam imediatamente aos pedidos de comentários do The New York Times.
“Furo de reportagem” de Musk
Musk já divulgou prematuramente uma aprovação regulatória antes. Em 2017, ele escreveu no Twitter que sua empresa de túneis, a The Boring Company, recebeu “aprovação verbal do governo” para Hyperloop subterrâneo de Nova York a Washington.
As autoridades da época não ofereceram confirmação direta da afirmação de Musk – e ficou claro que medidas formais para aprovar tal projeto não haviam sido tomadas.
O que é a Neuralink?
Empresas, como a Blackrock Neurotech e a Synchron, já implantaram seus dispositivos em pessoas para testes clínicos, e pelo menos 42 pessoas em todo o mundo tiveram implantes de cérebro-computador.
Esses dispositivos permitiram feitos que antes pertenciam ao reino da ficção científica: um homem paralisado socando Barack Obama com uma mão robótica; um paciente com ELA digitando apenas pensando nas teclas digitadas; um paciente tetraplégico conseguindo andar com um passo lento, mas natural.
Enquanto a maioria das empresas que procuram comercializar implantes cerebrais está focada em pessoas com necessidades médicas, a Neuralink tem ambições ainda maiores: criar dispositivo que não apenas restaure a função humana, mas também a melhore.
Do que se trata a tecnologia da Neuralink?
A empresa projetou chip de computador carregado de eletrodos para ser costurado na superfície do cérebro e dispositivo robótico para realizar a cirurgia. Musk prevê que os dispositivos possam ser atualizados regularmente.
“Tenho certeza de que você não gostaria que o iPhone 1 ficasse na sua cabeça se o iPhone 14 estivesse disponível”, disse Musk em evento no final de novembro de 2022, no qual previu que a Neuralink começaria os testes em humanos em seis meses.
Embora seja um marco significativo, um ensaio clínico para seu dispositivo em humanos não é garantia de sucesso regulatório ou comercial. A Neuralink e outras empresas estão fadadas a enfrentar intenso escrutínio do FDA de que seus dispositivos são seguros e confiáveis, além de enfrentar questões éticas e de segurança levantadas por tecnologia que pode conferir uma vantagem cognitiva àqueles com implantes.
Quando os testes em humanos serão iniciados?
Não está claro quando os ensaios clínicos podem começar. A interface cérebro-computador representa uma das apostas mais ambiciosas de Musk, em seu império de negócios que abrange desde carros elétricos a foguetes que impulsionam humanos ao espaço – que cresceu para abranger mais recentemente inteligência artificial generativa e mídia social.
No início deste ano, Musk incorporou uma empresa, a X.AI, que visa competir com a Microsoft e o Google depois que os gigantes da tecnologia lançaram grandes chatbots de modelo de linguagem baseada em IA generativa.
Enquanto isso, ele tem dedicado grande parte de seu tempo nos últimos meses ao Twitter, a empresa de mídia social que comprou no ano passado por US$ 44 bilhões, prometendo restaurar a “liberdade de expressão”.
Musk e seus compromissos
A agenda frenética de Musk o faz conciliar compromissos com cada uma das empresas ao mesmo tempo. Ele viaja pelo país em jato particular, visitando suas fábricas da Tesla e os locais de lançamento da SpaceX, participando de compromissos de palestras para o Twitter e visitando a sede da Bay Area – às vezes, tudo na mesma semana.
No início deste mês, Musk anunciou que estava nomeando a executiva de publicidade Linda Yaccarino como CEO do Twitter, aliviando-o de parte da responsabilidade de supervisionar a plataforma de mídia social que mergulhou no caos desde sua assunção.
Com informações de The Washington Post
Fonte: Olhar Digital
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