Há cerca de 20 dias, conforme noticiado pelo Olhar Digital, um avião espacial da China retornou à Terra após passar 276 dias orbitando o planeta. Até agora, pouco se sabe a respeito da espaçonave e, ainda menos, sobre a missão, lançada em agosto de 2022, a bordo de um foguete Long March 2F.

“O sucesso do experimento marca um avanço importante na pesquisa da China sobre tecnologias de espaçonaves reutilizáveis, que fornecerão métodos de ida e volta mais convenientes e acessíveis para o uso pacífico do espaço no futuro”, diz um breve comunicado da agência estatal de notícias Xinhua divulgado no dia que o veículo, chamado Shenlong, pousou no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

Na época do lançamento, a agência informou que se tratava de um teste de reutilização da tecnologia e que o veículo permaneceria em órbita por um período não especificado. 

Em 31 de outubro do ano passado, quase dois meses depois de decolar, o avião espacial chinês ejetou um objeto em órbita. Alguns especialistas especularam que seria um módulo de serviço, possivelmente indicando que a espaçonave estava se preparando para retornar à Terra.

Outros disseram que poderia ser um pequeno satélite projetado para monitoramento do veículo, como foi feito durante o primeiro voo, com duração de dois dias, feito em setembro de 2020. Esse parecia ser o palpite correto, tendo em vista o tempo que o objeto ainda permaneceu no ar.

Suspeita-se que o avião Shenlong se assemelhe ao avião espacial X-37B, da Força Espacial dos EUA (USSF). Imagem: Boeing/Força Espacial dos EUA

Avião espacial da China pode ter capacidade de remoção de satélites

No entanto, um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) dos EUA, que abriu uma investigação sobre o episódio, traz outra versão para o caso.

Segundo o documento, o objeto teria desaparecido dos radares em janeiro, voltando a ser detectado pelo sistema de rastreamento da Comunidade de Inteligência norte-americana em março. Especialistas acreditam que isso pode indicar que o avião espacial da China tem algum tipo de capacidade de captura e remoção de satélite, como um braço robótico.

“A China tem trabalhado muito com braços robóticos em outros contextos, como a estação espacial chinesa”, disse Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Smithsonian de Astrofísica de Harvard, à revista científica Nature.

Se esse for o caso, o objetivo principal do avião pode ser reparar satélites danificados ou remover detritos orbitais. No entanto, segundo McDowell, isso não descarta capacidades militares – embora nada disso ainda possa ser provado.

Com base no tamanho e peso das cargas que os foguetes Long March geralmente carregam, o misterioso avião espacial da China é provavelmente parecido com o avião espacial X-37B da Força Espacial dos EUA (USSF).

Igualmente envolto em mistério, o veículo robótico norte-americano tem 8,8 metros de comprimento e fez seis voos orbitais até o momento, com a missão mais longa tendo durado 908 dias.