Um artigo publicado na revista Open Archaeology descreve a descoberta de contas ornamentais de conchas da Idade da Pedra que revelam detalhes sobre comunidades que viveram nos arredores do Mar Cáspio – atualmente, o maior lago do mundo.
Liderada pela arqueóloga Solange Rigaud, do Centro Nacional de Investigação Científica da Universidade de Bordeaux, na França, a equipe de pesquisa analisou os artefatos em forma de disco feitos a partir de conchas de uma espécie de berbigão que foram encontrados no abrigo rochoso Kaylu, um espaço de sepultamento semelhante a uma caverna perto da costa leste do Mar Cáspio.
Segundo Rigaud, o local foi usado por ancestrais hominídeos durante um longo intervalo de tempo entre o Período Mesolítico e o Neolítico. A transição entre esses períodos é particularmente significativa na evolução cultural humana, pois é paralela à transição entre as culturas de caçadores-coletores e as culturas de pastoreio e agricultura, que ocorreu há cerca de 11.500 anos na região.
Relevância do Mar Cáspio para as comunidades da região na Idade da Pedra
Neste estudo, os pesquisadores usaram uma ampla gama de ferramentas e técnicas para determinar como as contas foram feitas e usadas. Análises microscópicas, morfométricas, espectrométricas e microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostraram uma mudança estilística distinta entre as contas usadas pelos últimos caçadores-coletores e pelos primeiros agricultores.
Além disso, a investigação também permitiu a comparação entre as contas encontradas em Kaylu e em outros locais da região. Eles detectaram que as contas neolíticas descobertas no norte, no leste e no oeste do Mar Cáspio diferem significativamente das recuperadas na região sul. Isso sugere rotas distintas de difusão cultural.
No entanto, a constatação mais empolgante, segundo a equipe, é a relevância do Mar Cáspio como meio de contato social na Idade da Pedra. “Os contatos marítimos entre essas comunidades podem ter garantido a rápida circulação de tipos específicos de contas – juntamente com pessoas, informações, conhecimentos e símbolos – de ambos os lados do Mar Cáspio por longas viagens”, disse Rigaud.
Fonte: Olhar Digital
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