Para um planeta ser considerado habitável ele precisa cumprir uma série de pré-requisitos, um dos fatores considerados essenciais é ter temperaturas onde é possível existir água líquida, ou seja, nas zonas Cachinhos Dourados, nem tão perto e nem tão longe de suas estrelas. Mas uma nova pesquisa mostra que dependendo da órbita, talvez isso não ajude.
Durante a pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences foram avaliadas exoplanetas em torno das estrelas mais comuns da galáxia, as anãs vermelhas. Por serem menores e mais frias que o Sol, suas Zonas Cachinhos Dourados são muito mais próximas do que a do nosso sistema solar.
O problema dessa proximidade, é que se a órbita do planeta não for circular, o efeito maré pode fazer com que ele experimente uma quantidade significativa de calor.
Órbitas elípticas
A primeira Lei de Kepler aponta que as órbitas são elípticas, podendo ser mais ou menos ovais, consequentemente, mais ou menos excêntricas. Quanto mais próximo de zero for a excentricidade, mais circular será a trajetória do planeta em torno da estrela. No entanto, diferenças mínimas podem trazer grandes consequências.
Em nosso sistema solar, a maior excentricidade é a de Mercúrio, com 0,2. Apesar de parecer pequena, para planetas muito próximos de suas estrelas isso pode ser perigoso para a vida. Isso porque quando próximo da estrela, ele fica mais “esticado” e quando se afasta mais “relaxado”.
Essa aproximação e afastamento contínuos, e também o estica e relaxa, acaba gerando atrito e consequentemente calor, tornando esses planetas muito mais quentes do que aqueles que possuem uma órbita mais circular.
Se a Terra estivesse orbitando a Zona Cachinhos de Ouro de uma anã vermelha com uma excentricidade maior que 0,2 ela sofreria uma catástrofe chamada “Vênus de maré”. O aquecimento causado pelo efeito maré seria suficiente para evaporar toda água, transformando o planeta em um inferno venusiano.
Exoplanetas muito quentes
Durante o estudo, os pesquisadores analisaram 163 exoplanetas em torno de 101 estrelas anãs vermelhas observados pela missão Kepler da NASA. Examinando a modelagem das oritas, percebeu-se que cerca de dois terços dos planetas possuem um excentricidade muito alta para terem temperaturas ideais para suportar água líquida e vida.
O um terço restante dos planetas possui temperaturas mais amenas, o que proporcionalmente ainda significa que outros milhões de mundos na galáxia podem ser parecidos com eles. Mesmo que esse fator não seja o único a ser levado em consideração para a existência de vida, já é um bom começo.
Acho que esse resultado é realmente importante para a próxima década de pesquisa de exoplanetas, porque os olhos estão se voltando para essa população de estrelas. Essas estrelas são alvos excelentes para procurar pequenos planetas em uma órbita onde é concebível que a água seja líquida e, portanto, o planeta possa ser habitável.
Sheila Sagear, autora da pesquisa, em resposta a IFLScience
Fonte: Olhar Digital
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