No início do ano, uma epidemia misteriosa começou a atacar ouriços-do-mar no Mediterrâneo, e agora no Mar Vermelho. Com apenas algumas semanas o patógeno matou toda uma espécie de ouriços, e como consequência pode acabar também com os recifes de corais.
Cerca de dois meses atrás, o Golfo de Aqaba, na ponta norte do Mar Vermelho, possuía milhares de ouriços-do-mar vivendo por lá. Eles mantinham os corais saudáveis se alimentando do excesso de algas que poderiam sufocá-los. Mas agora, tudo que resta é o esqueleto deles, após ter todo tecido ter sido consumido por algo misterioso.
É uma morte rápida e violenta: em apenas dois dias, um ouriço-do-mar saudável se torna um esqueleto com perda maciça de tecido. Enquanto alguns cadáveres são arrastados para a praia, a maioria dos ouriços-do-mar são devorados enquanto estão morrendo e incapazes de se defender, o que pode acelerar o contágio dos peixes que os atacam.
Omri Bronstein, professor de Zoologia e líder da pesquisa, em comunicado
A doença misteriosa foi descoberta pela primeira vez no início do ano, nos mares da Grécia e Turquia, quando uma espécie exótica de ouriços-do-mar começou a morrer. Depois disso, o patógeno parece ter atravessado o Canal de Suez e chegado até o Mar Vermelho.
Ainda não se sabe o que está causando a doença que vem matando os ouriços-do-mar, mas a suspeita é de que ela seja provocada por um parasita unicelular ciliado, que há 40 anos fez um estrago no Mar do Caribe.
Destruição dos recifes de corais
Em 1983, toda a população de ouriços do Caribe foi eliminada, o que acarretou proliferação sem controle das algas, bloqueando a luz solar e matando 90% dos corais. A identificação e o estudo do patógeno só aconteceu em 2022 quando uma segunda onda da doença atingiu a região.
Os ouriços-do-mar são os ‘jardineiros’ do recife – eles se alimentam das algas e os impedem de dominar e sufocar os corais que competem com eles pela luz do sol. Infelizmente, esses ouriços-do-mar não existem mais no Golfo de Eilat [Aqaba] e estão desaparecendo rapidamente das partes em constante expansão do Mar Vermelho mais ao sul.
Omri Bronstein
Os corais do Mar Vermelho ao longo de milhões de anos se adaptaram às altas temperaturas e salinidades da região, o que acabou tornando-os mais resistentes às flutuações causadas pelas mudanças climáticas, que vem matando recifes em diversas partes do mundo. No entanto, agora os corais ganharam uma nova ameaça que até então era desconhecida.
Os pesquisadores sugerem que para evitar que toda a população de ouriços seja destruída e que isso acarrete em consequências maiores, é preciso estabelecer populações saudáveis de ouriços-do-mar, para serem inseridas novamente no Mar Mediterrano e Mar Vermelho após o fim da epidemia.
No fundo, ainda há uma grande incógnita: o que realmente está matando os ouriços-do-mar? É o patógeno caribenho ou algum novo fator desconhecido? De qualquer forma, esse patógeno é claramente transportado pela água, e prevemos que em pouco tempo toda a população desses ouriços-do-mar, tanto no Mediterrâneo quanto no Mar Vermelho, ficará doente e morrerá.
Omri Bronstein
Fonte: Olhar Digital
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