Os roteiristas de Hollywood em greve ganharam uma nova preocupação: a Inteligência Artificial (IA). Na verdade, a tecnologia já preocupa o setor e, com a paralisação em andamento desde 2 de maio, os profissionais planejam negociar com os estúdios formas de remuneração e créditos mais justos diante da ampliação do uso da IA no cinema.
Preocupações com a IA
IA ameaça os roteiristas?
Os membros dos sindicatos e atores já conseguem imaginar situações em que os estúdios podem tentar levar a melhor usando IA: cortando custos com profissionais ou reutilizar o material já pago e produzir novos conteúdos a partir dele.
Roteiristas em greve
Por isso, o uso da IA na produção de roteiros será um dos temas da negociação do Sindicato dos Roteiristas com os estúdios de Hollywood. Os debates devem começar em 7 de junho.
Por um lado, os estúdios ficaram encantados em como a Inteligência Artificial pode realizar o trabalho do profissional, além de fazê-lo em menos tempo e, é claro, sem remuneração. Isso, porém, envolve questões de direitos autorais e propriedade intelectual, já que a IA generativa apenas aproveita conteúdos já disponíveis online, criados por outras pessoas.
Já o Sindicato, segundo o negociador-chefe Duncan Crabtree-Ireland, quer garantir que os roteiristas possam controlar o que é feito dos seus trabalhos e que os estúdios os paguem de maneira adequada.
O nome, aparência, voz, persona do artista – esses são os valores e o comércio do artista. Realmente não é justo que as empresas tentem tirar proveito disso e não compensem de maneira justa os artistas quando usam sua persona dessa maneira.
Duncan Crabtree-Ireland
Cinema e IA
Alguns atores já se blindaram e assinaram usos específicos de IA.
No próximo filme do Indiana Jones, Harrison Ford aparece em uma versão 40 anos mais jovem. Nesse caso, a IA aproveitou de imagens do ator nos lançamentos da franquia na década de 1980.
Aos 92 anos, James Earl Jones também concordou em permitir que a IA replicasse a voz de Darth Vader, para que o personagem continuasse com a sua voz registrada.
Conteúdo reciclado
Membros do sindicato, porém, trazem mais um ponto para o debate, ridicularizando a IA.
A produtora Justine Bateman, ex-membro do conselho do Sindicato, reforça como a tecnologia apenas imita conteúdos já produzidos e que isso enfraquece o setor do cinema e das artes como um todo.
Não quero viver nesse mundo. Qual é o próximo gênero no cinema? Qual é o próximo gênero na música? Você nunca verá nada parecido se todos estivermos usando IA.
Justine Bateman
O Sindicato deve voltar a negociar esse e outros pontos com os estúdios na próxima semana.
Com informações de Reuters
Fonte: Olhar Digital
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