Até pouco menos de 60 anos, uma live, coisa tão comum nos dias de hoje, era algo totalmente inconcebível. Mais inusitado ainda, seria acreditar na possibilidade de ver, em tempo real, imagens vindas de outro país. O que as pessoas daquela época pensariam, então, se soubessem que, em 2023, seria possível uma transmissão ao vivo diretamente de Marte?
Em junho de 1967, espectadores de 26 países assistiram, admirados, a uma apresentação dos Beatles pela televisão que estava acontecendo, naquele mesmo instante, em Londres. Passados 56 anos, o veículo, desta vez, será a internet, que vai transmitir não um show internacional, mas um espetáculo interplanetário!
De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), responsável pela operação, imagens vindas de Marte podem levar de três a 22 minutos para chegar à Terra, dependendo das posições relativas dos dois planetas na órbita ao redor do Sol.
É também por isso que não há notícias verdadeiramente “ao vivo” do espaço, pois somos limitados pela velocidade da luz que atravessa grandes distâncias.
No entanto, nesta sexta-feira (2), para comemorar o 20º aniversário da missãoMars Express, a ESA promete a você uma chance de chegar o mais perto possível de Marte. “Sintonize-se para estar entre os primeiros a ver novas imagens aproximadamente a cada 50 segundos enquanto elas são transmitidas diretamente da Câmera de Monitoramento Visual (VMC) a bordo do nosso orbitador marciano de longa duração, mas ainda altamente produtivo”, diz o anúncio da agência.
Segundo o comunicado, a live está programada para começar às 13h (pelo horário de Brasília), no canal oficial da ESA no YouTube, com duração estimada em uma hora.
Durante a transmissão, o tempo entre a captura das imagens e a chegada delas em sua tela será de aproximadamente 18 minutos. São 17 minutos para a luz viajar de Marte até a Terra na configuração atual dos dois planetas, mais cerca de um minuto para passar pelos fios e servidores em solo.
“Note, nunca tentamos nada parecido antes, então os tempos exatos de viagem para sinais em solo permanecem um pouco incertos”, alerta a agência.
Transmissão ao vivo de Marte será a primeira de longa duração do espaço profundo
A maioria das observações feitas por espaçonaves ocorre durante períodos em que elas não estão em contato direto com uma antena de recepção na Terra – por uma questão de distância, localização no espaço ou posicionamento da antena transmissora apontando para outra direção enquanto coleta dados científicos.
Isso não é problema para os pesquisadores. Os dados são armazenados e enviados algumas horas ou até dias depois, quando a espaçonave está em contato com a Terra novamente. No caso do satélite Mars Express, a cada dois dias um novo lote é baixado, processado e disponibilizado para o mundo.
Há apenas alguns exemplos de imagens em tempo real do espaço, como as missões DART e LCROSS, da NASA, que filmaram a visão enquanto colidiam intencionalmente com o asteroide Dimorphos e a Lua, respectivamente. Além, é claro, das missões Apollo, que transmitiram vídeos espetaculares do globo e de astronautas caminhando na superfície lunar.
No entanto, essas missões estavam todas bem perto de casa. As mais distantes enviaram talvez uma ou duas imagens em tempo quase real.
É bem verdade que houve a transmissão “ao vivo” do pouso do rover Perseverance em Marte, pela NASA, em 2021. No entanto, o delay (atraso entre a captura e a chegada das imagens) foi maior do que o esperado pela ESA para o evento de sexta-feira, além do fato de que, no que se refere a uma transmissão de longa duração em tempo real do espaço profundo, esta será pioneira – e imperdível!
Fonte: Olhar Digital
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