Os tênis estão entre os itens colecionáveis mais procurados. Essa popularidade os torna um alvo fácil para bots de IA (inteligência artificial) ou aplicativos que podem substituir os humanos na execução de determinadas tarefas.
Para quem tem pressa:
No caso dos bots de tênis, esses podem acelerar o processo de checkout, esperar numa fila virtual ou até mesmo preencher informações de cobrança.
Bots de tênis
Esse tipo de “robô” decolou em 2012, quando a Nike lançou seus tênis Air Jordan Doernbecher 9 no Twitter. A Nike exigia que os usuários enviassem uma mensagem à empresa para ter a chance de reservar o tênis.
O que se seguiu foi a criação de bots que enviavam mensagens para a Nike quando encontravam palavras-chave como “RSVP agora” e “Doernbecher”. Os bots foram capazes de reagir mais rápido que os humanos, vencendo os clientes por uma chance com os produtos.
Agora, os bots de tênis representam um grande negócio para as pessoas por trás deles.
“Em 2022, obtive um lucro bruto de US$ 131 mil (R$ 655 mil)”, disse “Botter Boy Nova”, um desenvolvedor de bots de tênis e criador de conteúdo no YouTube. Ele usa esse pseudônimo devido a questões de segurança.
Jesper Essendrop, CEO da Queue-it, concorda. Sua empresa é especializada em controlar o tráfego de internet com salas de espera virtuais. Ele disse que, ao analisar “as vendas de produtos muito visados, como tênis”, 40% a 95% “de todo o tráfego que chega às lojas da web é de bots”.
Em 2021, a empresa de software de segurança cibernética Imperva descobriu que quase 23% do tráfego do site de varejo veio de bots com intenções maliciosas. E a CHEQ, outro fornecedor de segurança cibernética no espaço, descobriu que um em cada quatro compradores da Black Friday em 2022 eram falsos.
O problema da IA
Atualmente, não há leis contra o uso de bots para comprar tênis ou outros produtos de varejo. Mas, nos EUA, existe um projeto de lei, de autoria do deputado Paul Tonko, voltado para essa causa.
As principais marcas de tênis como Nike, Adidas e New Balance estão sob constante ataque de bots. A Nike diz que seu aplicativo SNKRS recebe uma média de 12 bilhões de chamadas de bot, ou entradas tentando burlar o sistema, por mês.
Neste app, um cliente pode enviar uma solicitação para um modelo ao selecioná-lo e escolher um tamanho. A Nike, então, seleciona os participantes aleatoriamente para comprar o tênis. Muitos desses clientes são, na verdade, bots.
Segundo a Nike, os bots podem representar de 10% a 50% das entradas, dependendo da demanda. Por exemplo, no lançamento de 2023 do Travis Scott x Air Jordan 1 Low OG “Olive”, quase metade das entradas eram bots. Mas a Nike disse à CNBC que tem uma taxa de sucesso de até 98% no combate aos bots nos lançamentos de alta demanda.
Brechas
Nova e outros criadores de bots tiveram menos sucesso nos últimos anos. Mas ainda encontram brechas e maneiras de contornar medidas anti-bot, como sistemas Captcha. Uma solução alternativa é chamada de jigging, que ocorre quando um criador altera ligeiramente um endereço, nome ou outras informações de identificação.
“As pessoas ainda conseguem usar bots no Nike SNKRS”, disse Nova. “No entanto, da maneira como você deve fazer isso, você realmente precisa entender como o filtro da Nike funciona”, acrescentou.
A Nike não comentou se os clientes ainda conseguem usar bots com sucesso no aplicativo SNKRS.
Com informações de CNBC
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Fonte: Olhar Digital
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