Na última quarta-feira (31), conforme noticiado pelo Olhar Digital, a NASA realizou uma conferência pública para apresentar os primeiros resultados das investigações sobre objetos voadores não-identificados (OVNIs) feitas por um grupo de estudos especializado da agência.

O foco da sessão, que durou em torno de quatro horas, foi apresentar “deliberações finais” antes que a equipe publique um relatório oficial, planejado para ser divulgado até o fim de julho.

Paralelamente aos estudos da NASA, o Departamento de Defesa (DoD) dos EUA (Pentágono) também tem um escritório específico dedicado a rastrear o que o governo norte-americano prefere chamar de “fenômenos aéreos não identificados” (UAPs).

Veterano da NASA revela que colega confundiu balão com OVNI

Entre os participantes da conferência de quarta-feira estava o ex-capitão da Marinha dos EUA Scott Kelly, que também é ex-astronauta, com quatro missões espaciais no currículo: a primeira, atuando como piloto do ônibus espacial Discovery, em 1999, e as outras três, sendo comandante de expedições à Estação Espacial Internacional (ISS).

Scott Kelly, ex-astronauta da NASA, já foi capitão da Marinha dos EUA. Crédito: Robert Markowitz/NASA

Em determinado momento, depois de permanecer boa parte da reunião em silêncio, ele pediu a palavra para compartilhar uma experiência pela qual passou enquanto pilotava um caça supersônico F-14 Tomcat. “Lembro-me de uma vez em que estava voando nas áreas de alerta da zona de operação militar de Virginia Beach, e meu RIO [oficial de interceptação de radar] – o cara que fica na parte de trás do Tomcat – estava convencido de que passamos por um OVNI. Eu não vi. A gente se virou para olhar: acontece que era um balão do Bart Simpson”.

Em seguida, um repórter do site Space.com perguntou a Kelly o que os avistamentos relatados, principalmente, por aviadores civis e militares podem implicar sobre a segurança dos céus e a busca por vida inteligente, e o que ele achava sobre os inúmeros ex-pilotos, oficiais de inteligência e conselheiros do governo dos EUA que afirmam que a Casa Branca tem ciência de objetos ou naves que desafiam a sabedoria convencional sobre aerodinâmica, propulsão e física.

Scott Kelly participou da reunião promovida pelo grupo de estudo da NASA sobre OVNI, ocorrida na quarta-feira (31). Crédito: NASA/Joel Kowsky

“Como disse Carl Sagan, ‘alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias’. Você sabe, eles têm todo o direito de fazer reivindicações extraordinárias, mas sem as provas extraordinárias, são apenas alegações”, respondeu o ex-astronauta. “Em um tribunal, depoimentos de testemunhas oculares são considerados prova – o que eu não concordo. Mas, na ciência, faz parte de uma hipótese. É como, ‘Oh, nós vemos isso!’ Então, vamos investigar”.

Avistamentos de OVNIs podem ser ilusões de ótica

Para Kelly, os tipos de alegações extraordinárias associadas a alguns dos avistamentos de UAP relatados divulgados na mídia nos últimos anos, ou mencionados na conferência desta semana, se devem em grande parte ao fato de que, ao voar sobre a água ou no espaço, pode ser difícil avaliar a velocidade e o tamanho dos objetos devido à falta de pontos de referência.

“Se você vê algo que sabe que é um avião, e geralmente sabe quão grandes são os aviões, você pode dizer a distância relativa”, explicou. “Mas, quando você não tem pontos de referência, seja no espaço ou voando sobre a água, está realmente propenso a ilusões de ótica”.

Segundo ele, não apenas os olhos humanos estão sujeitos a percepções errôneas, como também muitos dos sensores a bordo de caças e outras aeronaves enfrentam a mesma dificuldade.