Os permafrosts são terrenos permanentemente congelados por pelo menos dois anos, mas alguns deles se formaram há tanto tempo que podem fornecer informações sobre o clima e até mesmo a vida de milhares de anos atrás, como a cratera Batagay, na Sibéria, que está congelada a 650 mil anos.
A Batagay é o permafrost mais antigo já encontrado na Sibéria e o segundo do mundo, sendo conhecida pelos locais como “porta de entrada para o submundo”. Ela possui cerca de 0,8 quilômetros quadrados de área e seu paredão principal chega a medir 55 metros de altura, da onde os pesquisadores conseguiram coletar amostras de diferentes períodos.
As primeiras descobertas foram publicadas em um estudo na revista Quaternary Researchem 2021, e agora, em abril deste ano, os resultados finais foram apresentados durante a Assembleia Geral da União Europeia de Geociências.
Datação do permafrost
Para datar as diferentes camadas do permafrost, os pesquisadores usaram três métodos. O primeiro, por radiocarbono, forneceu uma janela de 60 mil anos atrás. Os outros dois foram a datação por cloro-36 e luminescência, que mede a última vez que sedimentos foram expostos à luz solar a partir da energia liberada pelos fótons em cristais minerais no subsolo, ambos fornecendo datações que podem remontar entre 500 mil a 1 milhão de anos.
As medições revelaram então que a camada mais antiga se formou há 650 mil anos durante o maior período glacial do hemisfério norte dos últimos milhões de anos. Depois disso, existe uma lacuna até cerca de 200 mil anos atrás, que os pesquisadores não sabem dizer se foi causada pelo derretimento das camadas intermediárias ou se simplesmente não houve camadas de permafrost adicionais nesse período.
Outra lacuna foi encontrada por volta de 130 mil anos, causada provavelmente pelo aquecimento do planeta durante um período interglacial. Estudar o permafrost antes e depois dessas lacunas pode fornecer informações sobre a época e até mesmo revelar mais sobre as mudanças climáticas atuais.
Dado o fato de que há tanto carbono antigo no permafrost, esperamos poder ajudar um pouco a prever como o permafrost pode reagir às mudanças climáticas no futuro.
Thomas Opel, paleoclimatologista, em resposta a Live Sicence
Além disso, ele também pode fornecer pistas sobre a fauna e flora do passado. Em 2018, um potro de cavalo do Pleistoceno, de cerca de 40 mil anos, foi encontrado pendurado na cratera de Batagay, e estava tão preservado que parecia ter acabado de morrer.
Outros vestígios de vida encontrados no local, datam dos últimos 60 mil anos, mas os cientistas estão estudando as camadas mais antigas, observando a química e qualquer resto de DNA antigo que possa ser encontrado.
Fonte: Olhar Digital
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