Mantis é um crustáceo marinho de pouco menos de 12 centímetros, também conhecido como camarão-louva-a-deus-palhaço, capaz de quebrar conchas e até vidros de aquário com apenas um soco, sendo um dos animais proporcionalmente mais fortes do mundo. Toda essa potência em um ser tão pequeno inspirou o nome de um satélite compacto, mas poderoso, que em breve se tornará o braço direito do Telescópio Espacial James Webb (JWST).

Camarão mantis, também chamado de camarão-louva-a-deus-palhaço, criatura que inspirou o nome do satélite que vai ajudar o Telescópio Espacial James Webb em suas observações. Crédito: Fenkieandreas – Shutterstock

Abreviação de Monitoring Activity from Nearby sTars with uv Imaging and Spectroscopy (algo como “Monitoramento da Atividade de Estrelas Próximos com Imagens ultravioleta e Espectroscopia), a missão MANTIS foi proposta em 2019 e selecionada pela NASA no mês passado.

Com custo estimado em US$8,5 milhões (o equivalente a quase R$42 milhões, na cotação atual), esse CubeSat terá aproximadamente o tamanho de um forno de micro-ondas e será projetado e construído no Laboratório de Física Atmosférica e Espacial (LASP) da Universidade do Colorado em Boulder.

Além de extremamente forte, o camarão que deu nome ao equipamento também tem uma visão extraordinária. Com essa mesma aptidão, a espaçonave será capaz de observar o céu noturno em toda a faixa de luz ultravioleta, o que inclui uma forma especialmente energética de radiação chamada luz ultravioleta extrema (EUV).

MANTIS vai observar a física volátil de estrelas queimando dezenas de anos-luz da Terra, enquanto elas ejetam enormes jatos explosivos de energia. Assim, o satélite vai auxiliar Webb em sua missão de explorar as atmosferas de exoplanetas (mundos além do nosso Sistema Solar). Seus dados serão complementares às observações do telescópio espacial, ajudando os cientistas a reunir as condições que podem tornar esses planetas habitáveis.

Renderização artística do CubeSat MANTIS, que deverá ter o tamanho de um forno de micro-ondas e vai complementar as observações do Telescópio James Webb. Crédito: Dana Chafetz

Quando o ajudante do Telescópio James Webb será lançado

Segundo Briana Indahl, pesquisadora do LASP e pesquisadora principal do MANTIS, ele está programado para ser lançado em 2026 e passar cerca de um ano coletando dados. A Agência Espacial Italiana e a Universidade Estadual da Pensilvânia são parceiras técnicas na missão.

De acordo com o astrônomo David Wilson, membro do Programa de Espectroscopia Ultravioleta do LASP e líder científico do MANTIS, as estrelas podem disparar radiação EUV em explosões poderosas, mas muitas vezes de curta duração, que podem prejudicar alguns planetas. “Quando essas emissões atingem o topo da atmosfera de um planeta, ele se expande e parte dele pode escapar para o espaço”, disse Wilson. “Se você tiver um alto fluxo de EUV, a atmosfera desse planeta pode ser rapidamente erodida”.

Medir essa radiação, no entanto, é extremamente difícil. Para conseguir fazer isso, o MANTIS vai usar dois instrumentos de alta tecnologia embalados em sua pequena estrutura. O primeiro observará radiação ultravioleta de baixa energia. Já o segundo usará um design inédito para coletar luz ultravioleta extrema.

A espaçonave se baseia na tecnologia de dois outros CubeSats projetados pela mesma equipe no LASP: o Colorado Ultraviolet Transit Experiment (CUTE), lançado em 2021 e que ainda está coletando dados atualmente, e o Supernova Remnants and Proxies for ReIonization Testbed Experiment (SPRITE), que deve ser lançado em 2024.