Foram quase 30 anos de espera para, finalmente, o Brasil recuperar o fóssil do dinossauro Ubirajara, que foi descoberto no Ceará e levado ilegalmente do país em 1995. A relíquia, que estava no Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, chegou “em casa” no domingo (4), conforme noticiado pelo Olhar Digital.

Relembre o caso:

Embora tenha sido uma luta longa e árdua, o resultado satisfatório estimulou paleontólogos brasileiros a se engajar em esforços pelo retorno de, no mínimo, outros 90 exemplares que ainda se encontram ilegalmente no exterior.

Número de fósseis levados ilegalmente do Brasil pode ser ainda maior

Com base em publicações oficiais, um grupo de especialistas fez o levantamento que chegou a esse número, mas os autores da pesquisa acreditam que a quantidade total de fósseis nessa situação pode ser até maior. Isso porque com a fiscalização precária e a obsessão de pesquisadores estrangeiros pela Bacia do Araripe, o sítio arqueológico (localizado entre o Ceará, Pernambuco e Piauí) é praticamente uma mina de ouro para traficantes.

De acordo com o paleontólogo Juan Cisneros, pesquisador da Universidade Federal do Piauí (UFPI)), o foco, neste momento, está nos esforços para trazer de volta o fóssil do dinossauro Irritator challengeri, que se encontra no Museu Estadual de História Natural de Stuttgart (também na Alemanha). “Ele também foi encontrado na região do Araripe e saiu ilegalmente do país”.

Cisneros explica que os cientistas não solicitam que todos os fósseis sejam repatriados, embora saibam que instituições pelo mundo têm “toneladas de fósseis brasileiros que saíram irregularmente”. Os pedidos, segundo ele, envolvem os itens de maior relevância.

“Os que são mais importantes para nós são os que representam espécies novas para a ciência. Esperamos cooperação, trabalhar juntos, para que nossos estudantes e pesquisadores brasileiros possam ir aos museus para estudar o nosso próprio patrimônio”, disse o paleontólogo ao jornal O Globo.

A paleontóloga e professora Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explica a importância do respeito à soberania nacional dos países onde os fósseis são encontrados. “A partir de agora, temos que iniciar uma era de elaborações mais equitativas, de colaborações mais justas, de respeito às leis e, sobretudo, de soberania nacional dos países”. 

Segundo ela, para o Brasil, o retorno de “Bira”, como é carinhosamente chamado o fóssil recém-repatriado, “demonstra um potencial de retorno científico – já que artigos científicos e pessoas vão poder ser formados aqui com esse material – e econômico da forma mais justa para a região de onde esse fóssil saiu”.