O número de acidentes com carros no piloto-automático da Tesla é maior do que se sabia. Desde 2019, foram 736 acidentes envolvendo esses veículos nos Estados Unidos. A descoberta faz parte de uma análise do jornal The Washington Post em cima dos dados da Administração Nacional de Segurança de Tráfego em Rodovias.

Os jornalistas descobriram também que o número de mortes e ferimentos graves associados ao uso do Autopilot da Tesla é também maior. Segundo os dados mais recentes, foram pelo menos 17 acidentes fatais (dos quais 11 ocorreram de maio para cá) e cinco feridos graves.

Anteriormente, autoridades contaram apenas três mortes ligadas à tecnologia até junho de 2022 – o que representa uma diferença de 567%. Agora, com esta análise, sabe-se que a quantidade de colisões aumentou nos últimos quatro anos, mostrando os perigos associados ao uso cada vez mais generalizado da tecnologia.

Para o CEO da Tesla, Elon Musk, os carros da empresa que operam no piloto-automático são mais seguros do que aqueles dirigidos por motorista humanos, quando se compara as taxas de acidentes dos dois grupos.

“No ponto em que você acredita que adicionar autonomia reduz lesões e mortes, acho que você tem uma obrigação moral de implantá-la, mesmo que seja processado e culpado por muitas pessoas”, disse Musk no ano passado. “Porque as pessoas cujas vidas você salvou não sabem que suas vidas foram salvas. E as pessoas que ocasionalmente morrem ou se machucam, elas definitivamente sabem – ou seu estado sabe.”

Todos os 17 acidentes fatais analisados pelo The Washington Post revelaram padrões distintos. De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal, parece que a expansão de recursos e a remoção de sensores de radar dos veículos contribuíram para o aumento de incidentes.

O crescimento de colisões coincide com a expansão da tecnologia Full Self-Driving, que saiu de 12 mil usuários para quase 400 mil em pouco mais de um ano. Mais da metade das falhas que a Tesla relatou às autoridades ocorreu no ano passado.

O Full Self-Driving é um recurso experimental que permite que os carros Tesla façam todo o percurso sozinhos – enquanto o Autopilot, que foi lançado em 2014 e está presente em todos os carros da empresa, permite apenas a direção automatizada dentro de rodovias.

Em fevereiro deste ano, a Tesla realizou um recall de mais de 360 mil veículos equipados com o Full Self-Driving. A empresa disse que corrigiu os problemas com uma atualização de software sem fio.

Paralelamente, Musk retirou os sensores de radar de carros novos e desativou aqueles em veículos que já estavam na estrada. No entanto, parece que esses equipamentos serão reintroduzidos aos carros.