Existe muita expectativa na busca por vida em outros planetas do Sistema Solar, ou mesmo em mundos mais distantes ao redor das mais de 200 bilhões de estrelas da Via Láctea. No entanto, pouco se fala sobre a possibilidade de microrganismos habitarem um corpo celeste muito mais próximo da Terra do que se imagina: a Lua.
Agora, parece que isso está prestes a mudar. A NASA anunciou que um dos focos dos astronautas das futuras missões de pouso na superfície lunar pelo Programa Artemis será, justamente, investigar locais com potencial para abrigar microrganismos.
Uma nova pesquisa conduzida pela agência sugere que os futuros visitantes do polo sul lunar devem estar atentos a evidências de vida em crateras superfrias permanentemente sombreadas.
De acordo com o astrofísico Prabal Saxena, pesquisador planetário do Centro de Voos Espaciais Goddard (GSFC), a vida microbiana poderia potencialmente sobreviver nas condições adversas daquela região.
“Uma das coisas mais impressionantes que nossa equipe descobriu é que, dados os estudos recentes sobre as faixas em que certa vida microbiana pode sobreviver, pode haver nichos potencialmente habitáveis para essa vida em áreas relativamente protegidas em alguns corpos sem ar”, disse Saxena ao site Space.com.
“Estamos atualmente trabalhando para entender quais organismos específicos podem ser mais adequados para sobreviver em tais regiões e quais áreas das regiões polares lunares, incluindo locais de interesse relevantes para a exploração, podem ser mais propícias para suportar vida”, revelou o cientista.
Possível vida na Lua teria se originado na Terra
Em trabalho apresentado em um recente workshop sobre os potenciais locais de pouso da missão Artemis 3, prevista para decolar entre 2025 e 2026, Saxena e os coautores do estudo relataram ainda que pequenos pedaços do nosso planeta podem ter sido lançados à Lua como “meteoritos da Terra” por poderosos impactos cósmicos.
Assim, a equipe pretende descobrir se, durante esses episódios, microrganismos terrestres podem ter sobrevivido a essa viagem pelo espaço profundo e prosperado em solo lunar.
Além disso, há também outra possibilidade: que micróbios tenham sido deixados pelos humanos na Lua da última vez que estiveram lá (ou quando um módulo de pouso lunar fracassado espalhou um monte de tardígrados resistentes na superfície lunar em 2019).
Saxena explica que essas descobertas seriam extremamente relevantes, já que a NASA selecionou 13 locais perto do polo sul para escolher o local de pouso da primeira missão tripulada à superfície da Lua em mais de meio século.
“Vemos os humanos como o vetor mais provável [pelo envio de micróbios à Lua], com base nos extensos dados que temos sobre nossa história de exploração e o registro de impacto como uma segunda, embora menos influente, fonte terrestre inicial”, disse a geoquímica orgânica Heather Graham, também cientista do GSFC.
Resumindo: se algum dia encontrarmos vida na Lua, provavelmente terá vindo da Terra – mas isso não deve ser considerado desanimador. Pelo contrário. Segundo os pesquisadores, confirmar que os micróbios poderiam sobreviver na Lua teria vastas implicações na busca por vida genuinamente alienígena.
Fonte: Olhar Digital
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