Apesar do apelido antigo, os incentivos de hoje são bem diferentes que no passado. Nos anos 1990, por exemplo, era comum encontrar modelos icônicos como o Fiat Uno na faixa de R$ 8 mil na versão ELX (o Gol “bolinha” 1995, a segunda geração do hatch da VW, saia por cerca de R$ 12 mil).

Assim como o Gol, o Uno não passou ileso dos reajustes no preço. A versão mais básica do carro ficou quase 6 vezes mais cara, culminando na aposentadoria do modelo que marcou a indústria automotiva nacional nos seus 37 anos de história e mais de 4,3 milhões de unidades vendidas.

Quanto custaria o mesmo Uno hoje

Montagem com Renault Kwid e Fiat Mobi, os carros mais baratos do Brasil
Kwid, da Renault, e Mobi, da Fiat, são os carros novos mais baratos do momento. (Imagem: Pedro Spadoni/Olhar Digital)

O que vinha no Uno Mille ELX 1994?

Fiat Uno Mille ELX 1994. Imagem: Divulgação/Fiat

O Uno Attractive 1.0 é o modelo moderno com o preço tabelado mais baixo da família: R$ 46,5 mil. A diferença é que a versão já conta com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, airbags frontais e freios ABS de série. O motor 1.0 Fire também ficou mais “esperto”, entregante até 75 cavalos rodando no etanol.

Afinal, por que o Uno ficou tão caro?

Além do reajuste da inflação, é importante lembrar que nos anos 1990 era muito comum encontrar carros que saiam de fábrica com o mínimo possível em recursos de segurança. Equipamentos que são obrigatórios hoje, como os airbags, eram vistos apenas em carros mais caros.

Nos últimos anos isso mudou com a nova legislação de trânsito. Mesmo automóveis considerados populares, como o próprio Uno, Kwid e o Mobi, saem de fábrica equipados com pacotes de segurança mais completos, sem contar novas tecnologias, como rádio com Bluetooth, portas USB e controles de estabilidade e tração (algo impensável nos anos em que o Fiat Uno e o Gol dominaram as vendas de veículos no país).

No fim, tudo isso naturalmente deixou o “carro popular” moderno mais caro.

Poder de compra

Outro motivo para a queda nas vendas de carros considerados de entrada é o poder de compra dos brasileiros, que despencou nos últimos anos.

Mesmo com os incentivos do governo e os descontos das montadoras, o trabalhador que recebe um salário mínimo (atualmente em R$ 1.320) precisaria de quase quatro anos de serviço (3,7 anos) para juntar o valor mínimo necessário para comprar um Renault Kwid ou Fiat Mobi novo.