Sexta-feira, Setembro 20, 2024
spot_img
InícioINTERNACIONALCrianças resgatadas se lembram de tudo, desenham cachorro Wilson e dizem primeiras...

Crianças resgatadas se lembram de tudo, desenham cachorro Wilson e dizem primeiras palavras: ‘Estou com fome’

spot_img

As crianças colombianas que ficaram perdidas na Amazônia por 40 dias nunca perderam a consciência e se lembram de tudo, disse, no domingo, 11, um dos socorristas da equipe que os encontrou. Ele também revelou que “estou com fome” e “minha mamãe está morta” foram as primeiras palavras das crianças na selva. “O que admiramos nos quatro menores, independentemente da menina que não fala, é que eles não perderam a consciência. Eles se lembravam de tudo”, disse Henry Guerrero, membro da guarda indígena que, junto com os militares, resgatou os menores na sexta-feira. “A primeira coisa que nos perguntaram (disseram) foi que estavam com fome. Queriam comer arroz doce, queriam comer pão, era só comer, comer”, disse Guerrero em declarações à imprensa diante de um hospital militar em Bogotá, onde as crianças estão se recuperando. “Fomos ver o menino e ele estava deitado. Ele se levantou e disse, muito consciente: ‘Minha mamãe morreu’”, acrescentou Nicolás Ordóñez Gomes, um dos integrantes da equipe de busca. As crianças estavam “desnutridas” e “fracas”, por isso estavam há quatro dias no mesmo local, onde “tinham um pequeno cambuchito (barraca improvisada), com toldo, e tinham um paninho ali, no chão”. Tien Noriel, de 5 anos, “já estava muito fraco, não conseguia mais andar”, observou. Eles conseguiram ficar 40 dias na selva, porque Lesly foi “muito inteligente” ao montar uma maleta com a farinha que estava no avião. Também levaram uma toalha, uma lanterna que já estava desgastada, dois celulares, “com os quais acho que se distraíam à noite”, uma caixa de música, roupas e refrigerantes.

Embora debilitados, os irmãos estão fora de perigo de acordo com os primeiros relatórios médicos. Estão recebendo tratamento com alimentos leves, atendimento psicológico e cuidados tradicionais indígenas. “Estão muito acabadinhos, têm seus machucados, têm seus arranhões. Saíram com doenças da selva, mas estão bem, em boas mãos”, disse o avô das crianças, Fidencio Valencia, à imprensa neste domingo. Em fotografias divulgadas na mídia local, eles aparecem muito magros e a mais velha tem um ferimento na testa. Os indígenas realizaram rituais tradicionais e utilizaram seus conhecimentos da floresta para finalmente encontrarem as crianças. Segundo o governo, foram eles os primeiros a as avistarem em meio à vegetação. “Acreditamos muito na selva, que é nossa mãe. Por isso, sempre tive fé e dizia que a selva e a natureza nunca me traíram”, afirmou Ranoque. Embora a espetacular operação de resgate tenha terminado, soldados do exército continuam procurando por Wilson, um cão farejador que foi fundamental para encontrar pistas das crianças na selva, mas que está desaparecido. Lesly e Soleiny, as pessoas mais velhas resgatadas na operação Esperança, fizeram um desenho que retratava Wilson e a floresta e entregaram para os oficiais do exército.

Para os guardas indígenas, que conhecem a selva, um tênis esportivo que Lesly, de 13 anos e irmã mais velha, “deixou cair”, enquanto eles se movimentavam desorientados, “foi a pista para encontrá-los” a dois quilômetros do último ponto de partida das buscas na sexta-feira, 9. Lesly, que tem uma natureza “guerreira” e é muito “inteligente”, manteve seus irmãos mais novos em segurança. Os menores foram encontrados a cinco quilômetros do local onde o avião estava preso entre as árvores e com a parte frontal destruída, segundo as autoridades. “A única coisa que ela esclareceu é que sua mãe ficou viva por quatro dias. Então, antes de morrer, talvez a mãe tenha dito a eles: ‘Vão embora que vocês vão encontrar quem é o pai de vocês’”, declarou o viúvo Manuel Miller Ranoque à imprensa, no hospital militar em Bogotá, onde seus filhos estão se recuperando. Um dos primeiros a fazer contato com as crianças, Guerrero destacou que os menores estavam localizados perto de fontes de água e que Lesly contou ter ouvido uma mensagem de sua avó na língua huitoto, pedindo que parassem de caminhar. A mensagem foi transmitida por alto-falantes, de helicópteros militares. “A mais velha disse que ouviu todas as mensagens do helicóptero, que estavam procurando por ela, mas não sabiam para onde seguia”, por causa da densidade da mata.

O socorrista também alertou o pai das crianças, Manuel Miller Ranoque, sobre o resgate. Manuel também trabalhou nas buscas, durante semanas. “Eu disse ao pai, fui eu quem lhe disse primeiro: Miller, encontraram seus filhos”, contou. A descoberta ocorreu quando os guardas indígenas começavam a entrar em desespero. Já estavam há um mês rastreando a selva junto com os militares, apoiados por cães farejadores. “Depois de 30 dias de busca que fizemos, bom, já estávamos um pouco desesperados, o tempo estava desesperando a gente”, disse. Mas, “quando encontramos as crianças, foi mesmo uma felicidade muito imensa. Nos encheu de muita alegria”, comentou. A busca foi difícil devido à densa vegetação da área, a presença de jaguares e cobras, e a chuva constante que impede que possíveis chamados de socorro sejam ouvidos. A selva amazônia colombiana é um território extenso, de difícil acesso por rios e sem estradas, onde os habitantes costumam viajar em voos privados.

Além da vegetação hostil e dos animais selvagens, também há a presença de rebeldes que se separaram do acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo em 2016. Os menores embarcaram no avião junto com sua mãe em 1º de maio para fugir dessas dissidências das Farc, que recrutam e aterrorizam os moradores da região. O pai já havia escapado e aguardava o reencontro com sua família, segundo a imprensa. Ranoque, que participou das buscas, afirmou que teme pela vida das crianças. “É o que me assusta mais, porque sei que essas pessoas sem escrúpulos podem começar a me pressionar usando meus filhos, e isso eu nunca vou permitir enquanto estiver vivo”, acrescentou. A notícia das crianças perdidas deu a volta ao mundo, com vídeos e fotos do exército mostrando o dia a dia das operações, nas quais foram encontrados abrigos improvisados com galhos, tesouras, elásticos de cabelo, sapatos, roupas, uma mamadeira, frutas mordidas e pegadas.

Fonte: Jovem Pan News

Comentários

spot_img

RELACIONADOS

- Advertisment -spot_img

NOS ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS

14,434SeguidoresCurtir
4,452SeguidoresSeguir
- Advertisment -spot_img