Sexta-feira, Setembro 20, 2024
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Diplomata critica tentativas de ‘ativismo’ e ‘protagonismo’ de Lula no exterior

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chega ao Brasil nesta segunda-feira, 12, para se reunir com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo informações do Palácio do Planalto, essa reunião bilateral faz parte da retomada das relações entre o Brasil e a União Europeia. O Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o diplomata brasileiro Rubens Barbosa para discutir esse encontro. Ele destacou que, apesar dos avanços na política externa do governo atual, existem problemas em relação às posições sobre a guerra na Ucrânia. Barbosa afirmou: “Dentro dessa política de reintegrar o Brasil ao cenário internacional, o presidente Lula decidiu tentar influenciar uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, o que eu acredito estar além das possibilidades do Brasil. Ele fez declarações controversas que foram criticadas não apenas por outros presidentes, mas também pelos governos europeus e pelo governo americano.”

Barbosa analisou a situação atual e ressaltou a importância de reforçar as prioridades da política externa sem ativismo diplomático excessivo em relação à guerra na Ucrânia. Ele enfatizou que existem muitos problemas internos no Brasil que precisam ser discutidos e superados. O diplomata expressou preocupação com a agenda do presidente, que inclui quatro ou cinco viagens no segundo semestre, coincidindo com discussões sobre o marco regulatório, reforma tributária e a busca por recompor as relações com o Congresso e o setor agrícola. Barbosa observou que, devido ao ativismo e protagonismo do presidente Lula no exterior, a política externa começa a gerar ruídos em relação à agenda interna.

Dentre os principais assuntos da reunião entre Lula e a líder da União Europeia (UE), destaca-se a retomada das discussões sobre um possível acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que está parado há mais de 20 anos. Além dessa questão comercial, a visita também abordará a temática do meio ambiente. Barbosa enfatizou a importância de negociar de forma a favorecer as exportações brasileiras, considerando a preocupação da UE com questões ambientais, incluindo a política ambiental Green Deal adotada nos últimos anos. Ele ressaltou que as restrições da UE aos produtos agrícolas não são compatíveis com as decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O diplomata destacou a mudança de posição do governo brasileiro em relação à Amazônia como um ponto importante na agenda, pois envolve tanto a questão ambiental quanto a comercial, devido às restrições incompatíveis com a OMC impostas pela UE aos produtos agrícolas, inclusive do Brasil. Ele ressaltou que a presidente do Conselho Europeu está visitando o Brasil em preparação para uma reunião entre a UE e os países da América Latina, a CELAC (Comunidade Econômica da América Latina), em julho. A UE expressou o desejo de assinar o acordo Mercosul-União Europeia nessa ocasião, porém Barbosa acredita que será difícil concretizá-lo em julho, mas há expectativas de que os interesses mútuos possam levar a uma solução até o final do ano.

Barbosa avaliou positivamente os objetivos iniciais da política externa do governo Lula e destacou outros tópicos que podem ser discutidos no encontro com a líder da UE. Ele mencionou que o presidente Lula, ao assumir o cargo, anunciou três grandes mudanças na política externa em relação ao governo anterior, que teve uma postura negativa para o Brasil. Essas mudanças envolviam o retorno do Brasil ao cenário internacional, o foco no meio ambiente e mudanças climáticas como tema central da política externa e a prioridade dada à América do Sul e à América Latina. Segundo Barbosa, essas três prioridades são importantes e estão alinhadas com os interesses brasileiros.

O diplomata também destacou que a guerra na Ucrânia será abordada durante as conversas entre Lula e a presidente do Conselho Europeu. Ele ressaltou que a agenda é diversificada, envolvendo questões comerciais e o acordo Mercosul-União Europeia, que é de grande importância para o Brasil e para as empresas da UE. Barbosa mencionou que o Brasil poderia levantar a questão da Guiana Francesa no contexto ambiental, devido à destruição da Floresta Amazônica na região. Ele enfatizou que o Brasil deveria incluir esse assunto na pauta das conversas. A entrevista completa pode ser conferida no vídeo abaixo.

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