Nesta segunda (12), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) recebeu o fóssil do dinossauroUbirajara jubatus da Alemanha, que os possuía de forma irregular desde quando foi descoberto, nos anos 1990, em Santana do Cariri (CE).

Antes exposto no Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, Alemanha, desde 1995, agora, o fóssil será mantido no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, administrado pela Urca (Universidade Regional do Cariri). O local recebe, em média, dois mil visitantes por mês.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro chegou a ser cogitado como novo local para o fóssil.

Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil

O fóssil

Julien Kimmig, curador de paleontologia do Museu de História Natural de Karlsruhe, admitiu erros no tratamento do fóssil por pesquisadores alemães após sua retirada irregular do Brasil.

A história desse espécime e como o assunto foi tratado após sua publicação de sua descrição foram muito infelizes. Portanto, toda a nova equipe do departamento de geociências do museu está muito feliz, porque pudemos apoiar os esforços para o retorno do fóssil Ubirajara para o Brasil.

Julien Kimmig, curador de paleontologia do Museu de História Natural de Karlsruhe

Por sua vez, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, indicou que o retorno do fóssil para o País é motivo de orgulho e, principalmente, para os moradores da região no qual ele foi encontrado.

A repatriação do Ubirajara é um símbolo da cooperação e reconhecimento dos valores autônomos brasileiros, notadamente no geoparque Araripe.

Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação

Já o reitor da Urca, Francisco do O’ de Lima Junior, destacou a concretização da decisão tomada por autoridades alemãs pelo retorno do objeto, em 2022.

Nos dá de brinde essa convivência, essa cooperação, por reconhecer que para a gente ter autodeterminação politica, ética, vale também o reconhecimento do nosso patrimônio. Então, a Universidade Federal do Cariri, em nome da nossa comunidade acadêmica, queremos agradecer toda nossa cooperação que já se desenvolve no conjunto de pesquisa em andamento.

Francisco do O’ de Lima Junior, reitor da Urca

Ilustração do Ubirajara jubatus (Imagem: Luxquine/Wikimedia Commons)

O dinossauro

O fóssil cearense de Ubirajara jubatus trata-se de um holótipo – primeira peça, que serviu para a descrição original de uma espécie.

O dinossauro é taxado de espécie exótica, tendo espécie de crina nas costas e “varetas” que saíam dos ombros. Seu tamanho era similar ao de uma galinha e era revestido por penas.

Mesmo tendo tais características, ele é considerado o primeiro dinossauro não-aviário encontrado nas Américas.

Quanto ao fóssil, ele está dividido em duas placas de pedra Cariri (ou calcário laminado), sendo uma de 47 cm x 46 cm x 4 cm e peso de 11,5 kg; e outra de 47 cm x 46 cm x 3 cm, pesando 8 kg.

Polêmica

A descoberta do roubo só se deu em outubro de 2020, quando a então nova espécie foi documentada na revista Cretaceous Research.

O artigo descreveu o transporte do fóssil para a Alemanha em 1995, supostamente a partir de autorização do, à época, Departamento Nacional de Produção Mineral, hoje ANM (Agência Nacional de Mineração).

Só que nossa legislação não permite compra e venda de fósseis, considerados patrimônio da União. Sua extração depende de autorização da ANM, porém, o órgão não tem poder para liberar a saída de fósseis do Brasil.

Já em 2022, o Conselho de Ministros de Baden-Württemburg decidiu que o País poderia receber o fóssil após 27 anos, pois não se comprovou a maneira como houve a aquisição e importação do objeto por parte da Alemanha.

Com informações de g1 e Agência Brasil