Analisando gorduras fossilizadas, os cientistas fizeram uma descoberta impressionante que revelou toda uma comunidade de organismos que moldaram o ecossistema da Terra e provavelmente foram os primeiros predadores do planeta.

Conhecidos como Protosterol Biota, não se sabe muito bem como esses seres eram, mas com certeza mais evoluídos que as bactérias. Eles eram eucariontes, eram abundantes no ambiente marinho e provavelmente se alimentavam de bactérias.

Esses organismos, assim como nós, outros animais, plantas, fungos e alguns seres unicelulares possuem uma membrana nuclear que separa o material genético do restante da célula. No entanto, eles eram um pouco diferentes dos eucariotos atuais, pois viveram em um planeta muito diferente do de hoje.

Para encontrá-los, os pesquisadores buscaram por assinaturas químicas primordiais em moléculas de gordura fossilizadas a milhares de anos atrás, onde atualmente encontra-se o norte da Austrália, e que descobriram foi significativo. 

Mas por que buscar gordura?

A membrana nuclear que nos diferencia dos organismos procariontes é constituída em grande maioria por lipídeos, ou seja, gordura, fazendo com que boa parte dos eucariotos produzam seus próprios esteroides.

Devido aos efeitos potencialmente adversos à saúde dos níveis elevados de colesterol em humanos, o colesterol não tem a melhor reputação do ponto de vista médico. No entanto, essas moléculas lipídicas são partes integrantes das membranas das células eucarióticas, onde auxiliam em uma variedade de funções fisiológicas. Ao procurar por esteroides fossilizados em rochas antigas, podemos traçar a evolução de uma vida cada vez mais complexa.

Benjamin Nettersheim, coautor da descoberta, em comunicado

As assinaturas encontradas nas moléculas de gordura fossilizadas indica que esses organismos surgiram a 1,6 bilhão de anos atrás, sendo mais antigo do que o último ancestral comum dos eucariontes, que viveu por volta de 1,2 bilhões de anos atrás, incluindo assim uma nova base na nossa árvore genealógica.

Dado que o último ancestral comum de todos os eucariontes modernos, incluindo nós, humanos, era provavelmente capaz de produzir esteróis modernos ‘regulares’, as chances são altas de que os eucariotos responsáveis ​​por essas assinaturas raras pertencessem ao tronco da árvore filogenética

Christian Hallmann, coautor

Apesar dos desafios de estudar a vida microbiana antiga, essa descoberta nos aproxima sobre o entendimento de sabermos mais sobre nós mesmos e outros seres. Agora, os pesquisadores pretendem ampliar a pesquisa e aprender ainda mais sobre esses organismos ancestrais.