Capturar imagens da Estação Espacial Internacional (ISS) voando pelo espaço a cerca de 28 mil km/h não é nada fácil. Um astrofotógrafo francês, no entanto, conseguiu a façanha não apenas uma, mas duas vezes – e num intervalo de apenas três dias entre os registros.

E como se isso não fosse o bastante, as capturas do laboratório orbital feitas por Thierry Legault têm como pano de fundo nada menos do que o Sol!

De acordo com uma postagem do fotógrafo no Twitter, o primeiro vídeo (obtido pela junção de imagens estáticas) foi gravado na terça-feira (6), e a ISS nem era o alvo de suas lentes. Na verdade, a intenção era registrar o atual principal grupo de manchas solares na superfície do astro. 

“Hoje estimei a posição do grupo principal de manchas solares, tentei me colocar na linha de trânsito correspondente… e peguei a ISS passando bem em frente à maior mancha solar, em um trânsito de 0,6 segundos a uma velocidade de 27000 km/h”, descreveu Legault.

No sábado (10), ele relatou a ocorrência do segundo flagrante, feito na tarde de sexta-feira (9). Segundo o post, naquele momento, os astronautas Steve Bowen e Woody Hoburg estavam em plena atividade extraveicular (EVA), como também são chamadas as caminhadas espaciais.

Desta vez, Legault fotografou a ISS passando por três grupos de manchas solares, o maior deles grande o suficiente para engolir a Terra inteira. Todo o trânsito solar durou apenas 0,75 segundos nessa ocasião.

“Ops, fiz de novo… e melhor!”, escreveu o fotógrafo na legenda da publicação feita no Facebook. No relato, ele conta que viajou durante seis horas até a Holanda para garantir as melhores condições para o sucesso do registro.

Estação Espacial Internacional não estava tão próxima do Sol quanto sugerem as imagens

A ISS orbita a Terra a cada 90 minutos, viajando em apenas um dia quase a mesma distância de ida e volta do nosso planeta até a Lua. Embora nas imagens de Legault o laboratório orbital pareça estar bem próximo do Sol, na verdade eles estavam a uma distância segura um do outro. A ISS orbita a Terra a cerca de 402 km de altitude, enquanto o Sol está, em média, quase 300 mil vezes mais longe de nós – algo em torno de 150 milhões de km.

E qual seria o segredo para capturar um momento tão icônico? Segundo Legault, planejamento e céu limpo. “Usando imagens em tempo real do Sol, estimei a posição dos principais grupos de manchas solares nas direções vertical e horizontal (o que depende do tempo e da localização)”, explicou o fotógrafo ao site Space.com.

Se no primeiro registro a ISS apareceu de “penetra” nas imagens, no segundo, Legault fez questão de se preparar para capturá-la novamente. “Comparei com a trajetória planejada da ISS na plataforma Transit-finder e tentei me colocar na linha de trânsito correspondente”.

Como podemos ver, todo o esforço valeu muito a pena!