Um submarino britânico, utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, que ajudou a inaugurar era de operações militares especiais, foi encontrado na costa da Grécia, onde afundou em 1942, após 20 anos de buscas.

O mergulhador veterano Kostas Thoctarides anunciou em seu Facebook que, na semana passada, sua equipe descobriu os destroços do HMS Triumph no Mar Egeu, em local não revelado, mas há “dez quilômetros” ao largo do Cabo Sounion e a profundidade de cerca de 203 metros.

As escotilhas fechadas do naufrágio e o periscópio retraído indicam que o submarino estava mergulhando quando afundou, disse Thoctarides.

Um dos membros da equipe de busca, Rena Giatropoulou Thoctarides, disse ao Live Science que a seção dianteira foi seriamente danificada por explosão que quase certamente afundou o submarino.

Mas não ficou claro se essa explosão foi externa – talvez de carga de profundidade ou mina naval – ou interna, o que significa que poderia ter sido causada por explosão de um dos próprios torpedos do submarino.

A equipe agora está trabalhando com especialistas em submarinos e torpedos para “nos dar as respostas que procuramos”, disse ela.

Histórico do submarino

O HMS Triumph foi lançado em 1938 e completou mais de 20 missões durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo ataques a navios e submarinos do Eixo no Mar Mediterrâneo.

Mas a embarcação é mais conhecida por seu papel em operações secretas, incluindo o resgate de vários soldados aliados presos no norte da África e uma infiltração na Grécia – então território inimigo – de oficiais da inteligência britânica para ajudar a resistência no território.

Entre outras missões, em 1941, o submarino levou o capitão Bill Hudson, oficial do British Special Operations Executive (SOE), em segredo ao porto sérvio de Petrovac, controlado pelo Eixo, na costa do Adriático, para ajudar guerrilheiros iugoslavos – uma das primeiras missões SOE e precursor de todas as operações militares especiais desde então.

Thoctarides e sua equipe procuram os destroços do Triumph há mais de 20 anos. “A história do Triumph é complexa e única na história naval e está inextricavelmente ligada à resistência grega e aos serviços secretos que operaram durante os dias da ocupação ítalo-alemã”, disse Giatropoulou.

Eles já localizaram os destroços de quatro submarinos – incluindo o HMS Perseus em 1997 – mas encontrar o HMS Triumph foi “extremamente difícil”, afirmou. “A maior parte do tempo foi de clima ruim e com correntes subaquáticas muito fortes.”

Uma das chaves para o sucesso foi usar um veículo subaquático operado remotamente, ou ROV: “A uma profundidade de 203 metros e com correntes tão fortes, os mergulhadores não conseguem trabalhar”, contou ela.

Perdido

De acordo com registros navais, o Triumph navegou secretamente para a Baía de Despotikos, perto de ilha na região de Antiparos, nas Cíclades, em dezembro de 1941.

Em 30 de dezembro, o submarino enviou mensagem criptografada relatando que havia deixado equipe de inteligência militar britânica e estava programado para resgatar mais de 30 fugitivos britânicos da vizinha Antiparos em 9 de janeiro.

Mas o Triumph nunca apareceu e os fugitivos foram presos. Em 23 de janeiro de 1942, a Royal Navy listou o submarino como desaparecido no mar, com 64 tripulantes a bordo.

Parece que a tripulação morreu no naufrágio. “Minha opinião é que todos os 64 heróis estão no submarino, pois estavam em mergulho profundo e todas as escotilhas estão fechadas”, disse Giatropoulou. “O HMS Triumph deve ser tratado com o respeito e a santidade que merece como um túmulo de guerra marítima.”

Da mesma forma, é importante notificar as famílias da tripulação perdida, disse Timmy Gambin, arqueólogo marítimo da Universidade de Malta que não esteve envolvido na busca do Triumph, mas liderou a descoberta dos destroços do HMS Urge, submarino britânico da Segunda Guerra Mundial que afundou na costa de Malta.

“Com os milhares de navios perdidos na Segunda Guerra Mundial, vem infinidade de histórias humanas – não apenas das vítimas, mas mais sobre aqueles que foram deixados para trás”, disse Gambin ao Live Science.

Com informações de Live Science