Um segundo par de satélites que usam luz para se comunicar foi lançado. Eles foram desenvolvidos no âmbito de um projeto de parceria da ESA (Agência Espacial Europeia) com o fabricante e operador de satélites Spire Global, com sede em Glasgow, no Reino Unido.

Para quem tem pressa:

O par usará links ópticos entre satélites para enviar informações entre si de forma segura e quase instantânea. Para conseguir isso, eles são projetados para alcançar o equivalente ao uso de um ponteiro laser para conectar dois satélites, cada um do tamanho de uma caixa de cereal, separados por cinco mil quilômetros – pouco mais do que a distância entre São Paulo (SP) e Boa Vista (RR).

Estamos comemorando o ponto culminante de mais de três anos de trabalho na criação de um dos sistemas mais complexos, tanto do ponto de vista do hardware quanto da missão. O uso de links ópticos em vez dos tradicionais links de radiofrequência leva a uma maior resiliência a interferências, maior segurança e maior eficiência.

Jeroen Cappaert, diretor de tecnologia e cofundador da Spire Global

Como o par de satélites funciona

Satélites no laboratório da empresa Spire Global
(Imagem: Divulgação/Spire Global)

O par de satélites terá capacidade de enviar mais de 14 GB de dados com segurança entre os dois terminais durante uma curta janela de contato quando as espaçonaves puderem se ver através da Terra.

Para desenvolver sua tecnologia de link óptico, a Spire Global usou uma abordagem com iterações sucessivas da espaçonave para evoluir a tecnologia, toda fabricada internamente.

Os dois satélites seguem o sucesso de um par anterior, lançado em junho de 2021. Eles foram usados ​​para desenvolver os principais recursos necessários para links ópticos entre satélites – por exemplo: apontamento avançado de espaçonaves e controle de posição, juntamente a operação do feixe de laser e receptores ópticos.

Os satélites foram desenvolvidos em parceria entre a ESA e a Agência Espacial do Reino Unido, dentro do programa Pioneer, como parte do programa de Pesquisa Avançada em Sistemas de Telecomunicações da ESA.

A constelação de satélites da Spire Global fornece inteligência meteorológica global, monitoramento de navios e aviões e detecção de falsificação e interferência. A ideia é prever melhor como esses padrões afetam economias, segurança global, operações comerciais e meio ambiente.

Importância

Um dos novos satélites na atmosfera da Terra
(Imagem: Divulgação/Spire Global)

Segundo Cappaert, a empresa, junto à ESA, são os primeiros a qualificar e demonstrar, com sucesso, o funcionamento desse tipo de tecnologia em satélites desse tamanho e classe de peso. “É nossa parte em uma tendência crescente, já que a indústria espacial está migrando para links ópticos como a espinha dorsal para o envio de dados”, acrescentou.

O lançamento bem-sucedido desses dois satélites fabricados em Glasgow pela Spire Global é um marco, não apenas para a empresa, mas para a forma como olhamos para as comunicações entre satélites e fazemos essas tecnologias mais eficientes. Essa tecnologia de ponta oferece uma excelente oportunidade para o Reino Unido prosperar na era espacial comercial, mantendo o compromisso de reduzir o impacto no planeta.

Craig Brown, diretor de investimentos da Agência Espacial do Reino Unido

A Agência Espacial do Reino Unido forneceu 2,9 milhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 18 milhões, em conversão direta) para o projeto, que inclui cinco satélites em três lançamentos.

Com informações da ESA