Certos eventos celestes valem a pena acordar cedo – ou ficar acordado até tarde. É o caso do fenômeno que vai abrilhantar os céus na madrugada desta terça (13) para quarta-feira (14). Continuando sua “turnê mensal” de junho pelos planetas do Sistema Solar, que começou por Saturno, a Lua vai poder ser vista bem pertinho de Júpiter, em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica. 

De acordo com o site In-The-Sky.org, isso acontece às 3h36, cerca de 50 minutos depois do chamado appulse, termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space– todos os horários mencionados têm como referência o fuso de Brasília.

O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois astros, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no momento em que os dois objetos compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).

A conjunção entre Lua e Júpiter acontece às 3h36 desta quarta-feira (14), com os dois corpos posicionados a leste no horizonte, na constelação de Áries. Crédito: Stellarium Web

Do ponto de vista de um observador baseado em São Paulo, a dupla será visível das 03h11 às 14h32. A Lua estará em magnitude de -10.6, e a de Júpiter será de -2.2, ambos na constelação de Áries. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

O par não estará próximo o bastante para caber dentro do campo de visão de um telescópio, mas será visível a olho nu ou com um par de binóculos.

Depois de Júpiter, será a vez de Mercúrio (16), Vênus (21) e Marte (22). Essa série de conjunções ocorre porque a Lua orbita a Terra aproximadamente no mesmo plano em que os planetas orbitam o Sol, chamado plano da eclíptica.

Conjunção da Lua com Júpiter traz brindes surpresa

Nas próximas semanas, Júpiter surgirá progressivamente mais cedo no céu, além de parecer brilhar visivelmente à medida que a Terra avança em órbita, encurtando a distância entre os dois mundos. Por mais brilhante que Júpiter possa ser agora, no entanto, quando chegar mais perto do Sol, no início de novembro, o planeta vai brilhar mais do que o dobro disso.

A Lua estará 14% iluminada nesta madrugada, posicionada a dois graus de Júpiter, que parecerá uma gigante estrela prateada com brilho constante. 

Essa visão poderá ser ainda mais aprimorada pelo efeito do Earthshine na Lua, que torna possível ver o astro “por inteiro”, mesmo estando na fase minguante, pois sua porção escurecida aparece em um tom cinza interposto entre a parte claramente visível e o céu mais escuro. 

Efeito “Earthshine” na Lua registrado em outubro de 2021 pelo fotógrafo Dario Giannobile, em Palazzolo Acreide, que fica na região da Sicília, Itália. Crédito: Dario Giannobile/APOD NASA

O efeito Earthshine (luz da Terra, em tradução direta) poderá ser observado bem melhor com a ajuda de binóculos, dando uma perspectiva tridimensional à Lua. 

Agora, vem a parte ainda mais surpreendente: também usando binóculos (ou melhor ainda, um pequeno telescópio), você poderá ver os famosos satélites galileanos – as quatro maiores luas de Júpiter, que foram identificadas pela primeira vez por Galileu Galilei em 1610. 

De acordo com o site Space.com, três delas podem ser vistas de um lado do planeta – Io, Europa e Calisto – enquanto do outro lado, sozinha, estará Ganimedes.

É ou não é um momento imperdível?