O ano é de Copa do Mundo para o futebol feminino, que vem colecionando recordes de público e audiência no Brasil e no Mundo nos últimos anos. O cenário, no entanto, segue bem distante da realidade masculina, mesmo na elite. Nesta segunda-feira, as jogadoras do Real Ariquemes se recusaram a jogar contra o Santos, em um WO para protestar por melhores condições no futuro.
O contexto é fácil de explicar. O Real Ariquemes, promovido para a elite feminina em 2023, acabou rebaixado por antecipação. O máximo que poderia fazer em campo contra o Santos seria ultrapassar o Athletico Paranaense na tabela, mas o Furacão já tinha o descenso também garantido. Com dois meses de salários atrasados, as atletas decidiram protestar contra a situação e não entraram em campo.
“Nossa briga, e a gente precisa frisar isso, é pela modalidade. Hoje a gente não entrou em campo por não ter o salário, mas para que a gente possa deixar de alguma maneira um ponto positivo para que as novas gerações possam saber que o futebol feminino tem direitos. Não podemos mais brincar com isso”, discursou a defensora Gabi Lira, uma das líderes do elenco.
Gabi Lira, zagueira do Real Ariquemes, mandou a real sobre a situação da equipe e a motivação do protesto. #TáNaÁrea #BrasileirãoNoSportv #FutebolFeminino pic.twitter.com/lBUkF0yXwK
Os atrasos de salários no futebol brasileiro ainda são uma realidade também no futebol masculino. No entanto, a comparação é cruel para as mulheres. Geralmente, quando se fala em falta de pagamentos na elite nacional, o montante costuma ser parcial, relativo a ganhos de imagem, por exemplo, e com salários que facilmente ultrapassam os R$ 100 mil mensais nos grandes clubes. Algo impensável até para as craques do feminino no Brasil.
O caso do Real Ariquemes, no entanto, pode servir como símbolo de uma temporada problemática depois de avanços contínuos no futebol feminino nacional. A começar pela organização da competição principal do calendário, o Brasileirão, com tabelas divulgadas com atraso e sem explicações.
Apesar do interesse crescente na modalidade, a CBF teve problemas com as negociações para transmissões de jogos na TV, que costumam ser fundamentais para o orçamento da temporada. Na semana anterior ao início da peleja, sequer se sabia quem iria transmitir as partidas. A Sportv passou a colocar em sua grade dois jogos por rodada, mas muitos jogos acabaram sem espaço na TV, tiveram de optar por transmissões semi-amadoras dos próprios clubes ou até ficaram sem registro em vídeo.
Outro caso que ganhou espaço na mídia foi o do Ceará. Rebaixado no masculino, a equipe resolveu simplesmente abandonar o futebol feminino, embora os valores representassem cerca de 1% do investimento do clube no ano anterior. Para cumprir com as obrigações federativas, o clube cearense simplesmente escalou jovens atletas, muitas sub-18, para a elite. O resultado foi rebaixamento com apenas um ponto conquistado em todo o campeonato.
Fonte: Ogol
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