Um grupo de arqueólogos liderado pelo suíço Sam Ghavami redescobriu afrescos no Peru do período pré-hispânico. Isso mesmo, redescobriu, eles tinham sido encontrados pela primeira vez em 1906. Sua existência era comprovada somente por fotos em preto e branco feitas pelo etnólogo alemão Hans Heinrich Bruning, que viveu muito tempo de sua vida no país. Elas eram desconhecidas até 1978, quando as fotos foram encontradas. 

Os afrescos são pinturas feitas em paredes ou tetos diretamente no revestimento ainda fresco, seja ele gesso ou argamassa. Os pigmentos são diluídos em água que penetram e misturam-se à superfície, passando a ser parte delas. Geralmente eles possuem uma alta durabilidade. As pinturas redescobertas fazem parte do templo Huaca Pintada de uma civilização que floresceu entre os séculos I e VIII, os Moche. “A composição desta pintura é única na história da arte mural no Peru pré-hispânico” disse Ghavami a Agence France-Presse.

Os afrescos pré-hispânicos do Peru

Além dos Moche que veneravam a Lua, a chuva, as iguanas e as aranhas, o muro de quase 30 metros de comprimento também conta com elementos da cultura dos Lambayeque. Eles são uma civilização também pré-inca que viveu entre os anos 900 e 1350, o que torna os afrescos ainda mais excepcionais.

Uma das pinturas retrata uma procissão de guerreiros indo em direção a uma divindade em formato de pássaro. Elas são feitas com tinta azul, marrom, vermelha, branca e amarelo mostarda. Segundo Ghavami, elas podem ser interpretadas “como uma imagem metafórica da ordem política e religiosa dos antigos habitantes da região”.

Os afrescos estavam escondidos debaixo da folhagem e acredita-se que eles possuem cerca de mil anos. Caçadores de tesouro haviam destruído a parede para saquear o local, fazendo com ela fosse “esquecida” pelos cientistas.

Ghavami só os descobriu porque ficou curioso em saber mais sobre os povos que a pintaram. Ele estava trabalhando em sua tese de doutorado sobre transições culturais. Entretanto ele enfrentou alguns desafios para encontrar as pinturas. Foi necessário travar uma batalha de quase dois anos para conseguir autorização da família proprietária do terreno onde a parede se encontra. 

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