O vale do Jequitinhonha, no sudeste de Minas Gerais, é conhecido como o “vale da miséria” por ser uma das regiões mais pobres do País – mas isso pode estar prestes a mudar. Essa região é responsável por abrigar cerca de 85% das reservas de lítio do Brasil — quinto maior produtor mundial do metal utilizado em baterias de veículos elétricos.

Com essa descoberta, as autoridades locais demonstram ansiedade para aproveitar o potencial dessa matéria, que já reflete em negociações no exterior. No mês passado, esse assunto foi destaque em evento promovido na Bolsa de Valores Nasdaq, em Nova York, EUA. Durante o evento, eles aproveitaram para fazer campanha sobre o metal e atrair investidores para o projeto chamado de “Vale do lítio”.

Mas nem todo mundo está feliz com esse projeto. Alguns moradores locais e ambientalistas estão preocupados com o impacto ambiental da mineração de lítio na região e com a população local.

Aqui é o Vale do Jequitinhonha… Querem chamar de ‘Vale do Lítio’. Mas não vamos colocar os interesses da mineração acima da identidade de nosso povo.

Aline Gomes Vilas, ativista local na cidade de Araçuaí (MG)

Rebatendo as críticas, Ana Cabral-Gardner, diretora-executiva da mineradora canadense Sigma Lithium, se posicionou defendendo o projeto e utilizou sua empresa como exemplo. Confira os detalhes do projeto de Ana:

“Toda a nossa operação é construída em torno de encontrar equilíbrio entre sustentabilidade e mineração”, afirma a diretora-executiva. “Fui chamada de ‘CEO hippie’.”

Mas os moradores da região de Araçuaí, região próxima à mina da Sigma, demonstram insatisfação com o trabalho de mineração nas redondezas. “Era uma zona rural tranquila. Agora é um barulho constante. Já há casas com paredes rachadas devido às explosões”, afirmou Gomes Vilas.

Toda a casa treme toda vez que há uma explosão […] Eles estão cavando bem longe de mim por enquanto, e a poeira já está nos incomodando. Imagine como vai ser quando eles começarem a cavar mais perto.

Luiz Gonzaga, trabalhador rural

O lítio extraído das terras brasileiras é quase todo exportado, e isso não é bom sinal, afirma Elaine Santos, pesquisadora da Universidade de São Paulo. No ano passado, com as restrições de exportação restringidas pelo governo vigente, a indústria de lítio foi reformulada, e ainda é extremamente atrativa para os exportadores estrangeiros.

Com informações de TechXplore

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