Após quase três meses que passou por tratamento revolucionário contra o câncer, o paciente Paulo Peregrino recomeçou a caminhar sozinho em São Paulo (SP).
O publicitário tinha a doença há 13 anos e teve remissão total do linfoma 30 dias após se tratar com CAR-T Cell (conheça mais abaixo).
Como se deu o tratamento
Acho que só deixei de caminhar um dia ou dois depois da alta. Mas estou falando naquelas caminhadas no fundo do prédio, de cerca de dez minutos. A fisioterapeuta me viu caminhando e ficou orgulhosa. Disse que ficou impressionada. Talvez por isso me chamo Peregrino.
Paulo Peregrino, publicitário e paciente, ao g1
O publicitário saiu do hospital no último dia 28 de maio, tendo forte febre na última semana. Precisou retornar para acompanhamento, mas, na sexta-feira (16), voltou às ruas e andando a pé.
Para quem teve tratamento tão longo, o homem até que caminhou bastante: foram 2.437 passos, 1,61 quilômetros e 25 minutos caminhando até um mercado. Para ir para casa, usou um carro de aplicativo.
Paulo se reveza e duas tarefas enquanto segue sendo acompanhado pelos médicos: caminhar no terreno do prédio onde mora e em escrever o livro que vai contar sobre seus dez anos de batalha conta o câncer.
Revolucionário
O homem de 61 anos é caso atual de remissão completa em pouco tempo no grupo de estudo de 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. O protocolo é utilizado desde 2019 pela USP, em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto (SP).
Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Fico até emocionado [ao ver as duas ressonâncias de Paulo]. Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo ficou impressionado de ver a resposta que ele teve.
Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP, coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or e responsável pelo caso de Paulo
Entre os demais pacientes, 69% obtiveram remissão completa em apenas 30 dias, sendo que o primeiro paciente a ser tratado com a técnica teve resultados similares aos de Peregrino, mas acabou falecendo após acidente doméstico em sua casa.
Como podemos ver acima, a tomografia mostra Paulos diferentes; no lado esquerdo, vemos tumores por todo o corpo, e, na da direita, o sucesso na remissão da doença.
Hoje, o procedimento é feito quando o paciente é aceito em estágio avançado da doença, com os médicos conseguindo autorização junto à Anvisa.
Custo alto
São poucos os países que usam a técnica, sendo que o custo unitário do tratamento é de R$ 2 mil.
Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível na maioria dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em posição privilegiada, com rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período.
Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira da tecnologia
As fábricas que cuidam do tratamento se encontram na Cidade Universitária, em São Paulo (SP), e outra no campus universitário de Ribeirão Preto, tendo capacidade inicial de 300 tratamentos por ano.
Para disponibilizar para a população brasileira, é necessário obter financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa. Este estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar essa importante tecnologia no País, que poderá iniciar nova indústria de biotecnologia.
Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira da tecnologia
A previsão é que o estudo comece em agosto. “Já tem fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que nós estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados em fila por requisitos.”
Funcionamento
Com informações de g1
Fonte: Olhar Digital
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