Parlamentares e grupos de consumidores e do setor bancário do Reino Unido estão fechando o cerco em volta da Meta. A pressão vem porque a gigante das redes sociais não evitou um “tsunami” de fraudes nas suas plataformas (Facebook, Instagram e WhatsApp). E os britânicos estão perdendo somas “que mudam suas vidas” todos os dias nesses golpes.
Para quem tem pressa:
Uma investigação do jornal britânico The Guardian revelou algumas histórias por trás dos golpes que começaram nas plataformas da Meta. Além disso, uma estimativa nacional, divulgada recentemente, apontou que o fracasso da empresa de tecnologia em acabar com as fraudes custará às famílias do Reino Unido 250 milhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 1,5 bilhão na cotação atual) em 2023.
Vítimas das fraudes na Meta
Uma usuária do Facebook contou que perdeu as “economias de toda uma vida” e ficou endividada ao ser vítima de uma dessas fraudes. No total, ela perdeu 70 mil libras esterlinas (R$ 427 mil), depois de ser enganada por um golpe de investimento.
Enquanto algumas pessoas perderam grandes quantias de dinheiro, um fluxo de compradores online desavisados relatou ter sido enganado em quantias menores quando fizeram pedidos em lojas online falsas anunciadas no Facebook e Instagram.
Entre as experiências mais perturbadoras compartilhadas com o jornal estão as das vítimas do golpe “Hi Mom” do WhatsApp. Nele, os fraudadores se fazem passar por membros da família para que eles enviem grandes somas de dinheiro.
A idosa Valerie, de 73 anos, foi uma das muitas vítimas. Ela transferiu duas mil libras esterlinas (R$ 12,2 mil) a alguém que se fazia passar por seu filho, um pequeno empresário que havia pedido dinheiro emprestado no passado. Doente com Covid longa, ela disse que “nunca iria superar” a humilhação de ser pega dessa forma.
Segundo o TSB Bank, houve grandes picos de fraude originários de sites e aplicativos da Meta em 2022. Eles foram responsáveis em 80% dos casos com os quais o banco lidou. Além disso, muitas vítimas disseram que acharam difícil denunciar golpes à Meta ou que, quando o fizeram, receberam uma resposta automática – ou nenhuma resposta.
Apesar da escala impressionante de golpes online, o governo teve que ser arrastado para incluir fraudes e golpes no projeto de lei de segurança online, apenas para atrasar e diluir no último minuto. É hora de eles pararem de se curvar a interesses escusos e defenderem consumidores e vítimas.
Lucy Powell, secretária de cultura do Reino Unido
Projeto de lei
O projeto de lei de segurança online que está passando pelo parlamento do Reino Unido exigirá que as plataformas de tecnologia e mídia social removam os anúncios fraudulentos. E as novas medidas antifraude do governo incluem pedir às empresas de tecnologia que facilitem a denúncia de fraudes e permitir que os bancos adiem pagamentos suspeitos. Mas não há disposições para plataformas de tecnologia compensarem os clientes por golpes.
O CEO do TSB Bank, Robin Bulloch, disse estar “profundamente preocupado” com os altos níveis de fraude nos sites da Meta.
Como o único banco com garantia de reembolso de fraude, temos uma visão incomparável sobre esse assunto e é trágico ver as famílias do Reino Unido perderem somas que mudam suas vidas todos os dias devido à proteção insuficiente nas plataformas Meta.
Robin Bulloch, CEO do TSB Bank
Com os bancos agora à espera de uma enorme conta de reembolso, TSB, Barclays, Nationwide e Starling Bank estão entre os que argumentam que a gigante de tecnologia da Califórnia (EUA) deveria ter que fazer uma contribuição financeira para esses custos.
A Meta arrecada grandes somas em publicidade, com as contas das operações do Facebook no Reino Unido mostrando que a receita bruta dos anunciantes aumentou mais de 37% em 2022, para 3,3 bilhões de libras esterlinas (R$ 20,15 bilhões).
Outro lado
Quando perguntada sobre golpes, a Meta disse que a fraude é um problema em todo o setor, com os golpistas usando métodos cada vez mais sofisticados.
Não queremos que ninguém seja vítima, e é por isso que nossas plataformas têm sistemas para bloquear golpes, os anunciantes de serviços financeiros agora precisam ser autorizados e realizamos campanhas de conscientização do consumidor sobre como detectar comportamentos fraudulentos.
Meta, em comunicado
Com informações do The Guardian
Fonte: Olhar Digital
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