Nesta quarta-feira (21), acontece o solstício de inverno no hemisfério sul da Terra (e o de verão na parte norte). Resumidamente, nesse dia (e também quando ocorre o inverso, em 21 de dezembro), a posição do Sol no céu parece estar “parada” por um curto período. Este ano, a data traz ainda um brinde: a Lua em conjunção com Vênus, poucas horas antes de se alinhar a Marte e se seguir rumo ao apogeu.

O dia mais curto do ano para o hemisfério sul marca o início do inverno – que, aqui no Brasil, começa, mais precisamente, às 11h54, de acordo com o guia de observação astronômica In-The-Sky.org. (Todos os horários mencionados têm como referência o fuso de Brasília).

Configuração do céu desta quarta-feira (21), dia do solstício de inverno no hemisfério sul, do ponto de vista de um observador baseado em São Paulo. A Lua vai estar em conjunção com Vênus e já bem próxima de Marte, com quem se alinha no dia seguinte. Crédito: Stellarium Web

Ainda segundo a plataforma, a Lua divide a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre) com Vênus às 21h48, chegando o mais perto possível do planeta no início da madrugada de quinta-feira (22), à 0h23.

Nenhum dos dois momentos, no entanto, poderá ser observado, já que a dupla ficará visível das 9h45 até pouco antes das 20h45, quando ambos desaparecem abaixo do horizonte (essas referências se baseiam na configuração do céu em São Paulo).

A Lua estará com magnitude de -10.3, e a de Vênus será de -4.4, com ambos os corpos posicionados na constelação de Câncer. Quanto mais brilhante um corpo parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

Embora a conjunção da Lua com Marte só aconteça, de fato, às 7h10 da quinta-feira, o Planeta Vermelho também já poderá ser visto bem pertinho dela durante o encontro com Vênus.

Do ponto de vista de um observador baseado em São Paulo, assim como mencionado a respeito da conjunção anterior, a Lua e Marte não estarão visíveis no momento exato do evento, já que só vão subir no horizonte pouco antes das 10h da manhã. Eles permanecem acessíveis, ainda bem próximos, até às 21h03.

Nesse dia, a Lua estará com magnitude de -10.5, e a de Marte será de 1.7, ambos na constelação de Leão. 

Em nenhum dos casos os astros estarão próximos o suficiente para caber dentro do campo de visão de um telescópio, mas poderão ser vistos a olho nu ou através de um par de binóculos.

Tríplice conjunção entre Lua, Vênus e Marte registrada em Quebec, no Canadá, em 2015. Crédito: Jay Ouellet/APOD NASA

Com essas duas “visitas”, a Lua encerra sua turnê de junho pelos planetas do Sistema Solar, que começou em Saturno. Essa série de conjunções ocorre porque a Lua orbita a Terra aproximadamente no mesmo plano em que os planetas orbitam o Sol, chamado plano da eclíptica.

Lua atinge o apogeu nesta quinta-feira (22)

Depois desse “encontro duplo”, a Lua segue rumo ao apogeu – posição mais distante da Terra ao longo de sua órbita ao redor do planeta.

A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho conhecido por elipse. À medida que a Lua atravessa esse caminho elíptico ao redor do planeta a cada mês, sua distância varia 14%, entre 356.500 km no perigeu (aproximação máxima) e 406.700 km no apogeu.

O tamanho angular do astro também varia pelo mesmo fator, bem como seu brilho se altera, embora isso seja difícil de detectar na prática, já que as fases da Lua estão mudando ao mesmo tempo. 

Desta vez, por exemplo, a Lua estará quase chegando à fase crescente – a segunda do ciclo atual, começando um novo ciclo (ou seja, a fase “nova”) em 17 de julho.

Segundo a plataforma InTheSky.org, o tempo do circuito perigeu-apogeu-perigeu da Lua é de 27,55 dias – um período de tempo chamado de mês anomalístico. Isso é um pouco mais do que o período orbital do nosso satélite natural (27,322 dias).