Imagine um colchão inflável gigante na Lua, é isso que a Agência Espacial Europeia (ESA) pretende fazer. Mas ele não seria usado para alguém dormir, mas sim para investigar o espaço a partir de observações de ondas de rádio.
As antenas de rádio seriam impressas no material superleve do cobertor espacial kapton que seria enviado dobrado para a Lua a bordo do European Large Logistics Lander, ou Argonauta.
Você dobra o sistema, depois injeta gás nele e o infla. É como um colchão inflável na Lua.
Marc Klein Wolt, radioastronomo e líder da equipe de astrofísica lunar da ESA, em conferência
Radiotelescópio no lado oculto da Lua
A intenção dos pesquisadores é mandar um radiotelescópio para o lado oculto da Lua a fim de evitar ruídos de rádio da tecnologia da Terra. Como o satélite não possui uma atmosfera, ela não absorve ondas de rádio, tornando-se o lugar ideal para que elas sejam detectadas. Além disso, durante os quinze dias de noite no lado oculto, as antenas de rádio estariam livre da interferência solar, tornando o local o “lugar mais silencioso do sistema solar”
Um telescópio no local permitiria que os primeiros milhões de anos, antes das estrelas e galáxias surgissem, pudessem ser observados. Os sinais captados seriam os emitidos pelo hidrogênio que enchia o Universo após o Big Bang.
Esse período do Universo é conhecido como Idade das Trevas ou Amanhecer Cósmico e apesar da radiação emitida pelo hidrogênio ser em micro-ondas, devido ao efeito redshift causado pela expansão do universo, as ondas foram esticadas e chegam até nós como rádio. Fazendo com que nem mesmo o potente Telescópio Espacial James Webb consiga observar tão longe assim.
Para procurar esse tipo de radiação, você precisa ir para o outro lado da lua para bloquear a radiação que nós mesmos produzimos e você não tem atmosfera. Então você pode mapear o hidrogênio e rastreá-lo enquanto forma as primeiras estruturas do universo. Você pode olhar para diferentes redshifts e fazer mapas do universo em certos momentos no tempo e ver a coisa toda evoluir.
Marc Klein Wolt
Dessa forma um radiotelescópio no lado oculto da Lua pode representar avanços para astronomia, e muitas agências espaciais têm considerado o projeto. No entanto, o grande desafio é que ainda não possuímos tecnologia suficiente para transportar com eficácia dezenas a centenas de antes para a Lua.
O Argonaut foi projetado para carregar até 1,5 toneladas de carga útil para Lua, o que permitiria que até 16 antenas de rádio pudessem ser levadas em uma única viagem, mas esse número está longe de ser o suficiente para estudar com boa resolução e sensibilidade a Idades das Trevas. Por isso o colchão inflável pode ser uma ótima solução, construído com material leve e dobrável, ele poderia ser grande o suficiente para as observações.
Fonte: Olhar Digital
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