Com a ampliação do uso da IA generativa, a tecnologia vem ameaçando o futuro de Hollywood. A greve dos roteiristas já está batendo de frente com a inteligência artificial para que os profissionais não sejam substituídos (ou até explorados) e alguns atores estão receosos por sua imagem. Os dubladores e locutores se juntaram a essa causa: os artistas de voz temem que a IA seja usada para criar vozes sintéticas, tomando seu lugar na indústria cinematográfica.

IA generativa e Hollywood

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Recentemente, IA generativa foi usada para recriar a voz de Darth Vader falecido (Imagem: Divulgação/Lucasfilm)

Dubladores e locutores

Segundo Mario Filio, ator de dublagem responsável pelo Rei Julien de Madagascar, os profissionais estão “lutando contra um monstro muito grande”.

Ele foi responsável por cunhar o refrão “Eu me remexo muito” na versão espanhol do filme, que virou um momento memorável da trama. Ainda assim, muito antes da IA entrar em jogo, ele revelou que não recebeu royalties pela reprodução da música.

Com a IA, Filio teme por algo que vai além do pagamento: seu próprio ofício. Os estúdios cinematográficos não deixaram de contratar esses profissionais, mas pessoas do setor suspeitam que eles estejam abastecendo bancos de dados para alimentar a IA generativa posteriormente.

Consentimento

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Keanu Reeves, de John Wick, é um dos atores que fala abertamente contra a IA no Cinema (Imagem: Shutterstock)

Não roubem nossas vozes

Em oposição ao uso da IA generativa no setor, cerca de 20 associações e sindicatos da Europa, Estados Unidos e América Latina se uniram na Organização das Vozes Unidas (OVU), sob o lema “Não roubem nossas vozes”. A organização quer encontrar uma forma de harmonizar o uso de IA ao trabalho humano.

Segundo eles, o uso “indiscriminado e não regulamentado” de IA pode extinguir um “patrimônio artístico de criatividade […] que as máquinas não podem criar”.

Eles ainda defendem a criação de leis que impedem que estúdios usem suas vozes para treinar a IA sem o seu consentimento e a criação de “cotas de trabalho humano”, de acordo com o locutor colombiano Daniel Söler de la Prada, que liderou o lobby da OVU nas Nações Unidas e na Organização Mundial de Propriedade Intelectual.

Oposição à IA em Hollywood?

Os dubladores não negam o uso da IA, já que a tendência parece iminente.

No entanto, Filio pede uma remuneração justa pelo seu trabalho. Outros profissionais do setor também pedem proteção do seu ofício contra a falta de regulamentação da IA generativa.

Com informações de Estadão

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