Quando pensamos em poluição, imaginamos lixo descartado em lugares inapropriados, plásticos e dejetos nas águas. Isso é verdade. No entanto, um estudo mostrou que os resíduos farmacêuticos, como restos de remédios, também contaminam o meio ambiente, principalmente rios e oceanos.
Poluição por fármacos
Todos nós ingerimos remédios e outras substâncias químicas e farmacêuticas.
Segundo o professor Eduardo Bessa Azevedo, do Instituto de Química de São Carlos da USP, uma parte deles é absorvida pelo nosso corpo e são excretadas por nós.
Mesmo que a cidade tenha estação de tratamento de lixo, água e esgoto, um pouco desses resíduos sempre passarão.
Estudo
Um estudo publicado na revista Environmental Toxicology and Chemistry mostrou como 43,5% dos 1.056 rios examinados possuem altas concentrações de resíduos farmacêuticos.
Para piorar, o Brasil é o quinto maior produtor de lixo no mundo, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). Ou seja, a poluição só aumenta.
Plástico vs. Remédios: qual é mais poluente?
Para Bessa Azevedo, pouco importa: os dois poluem e contaminam o meio ambiente.
Tudo é contaminação. Como eu costumo brincar com meus alunos: o que é um barril de veneno com uma gota de champanhe? Eles respondem ‘veneno’. E o que é um barril de champanhe com uma gota de veneno? Também é veneno. Eu não beberia o champanhe desse barril sabendo que ele tem uma gota de veneno. Contaminação não é uma questão de quantidade ou de que meio ela está: está contaminado, está contaminado.
Eduardo Bessa Azevedo
Porém, um fenômeno observado em microplásticos e que se repete nos resíduos farmacêuticos é a biomagnificação. Nesse processo, as substâncias se acumulam no organismo e, conforme a cadeia alimentar sobe, a contamiação vai junto com ela.
O professor alerta que mesmo que a concentração seja baixa na água, quando chega no topo da cadeia, será alta. “A gente tem que lembrar que, normalmente, quem está no topo da cadeia somos nós”.
O que fazer?
Futuro
Atualmente, a concentração dos fármacos na água ainda é baixa. Porém, o professor ressalta sua preocupação para o futuro se a situação não melhorar.
O que a gente quer saber é o que acontecerá conosco depois de 10, 20, 30 anos tomando água com quantidades muito pequenas de algo. Será que vai desenvolver alguma doença? Será que há alguma alteração significativa? É uma coisa que ainda será respondida.
Eduardo Bessa Azevedo
Com informações de Jornal da USP
Fonte: Olhar Digital
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