Depois da emocionante repatriação do fóssil Ubirajara jubatus, devolvido ao Brasil pelo governo alemão, o país deve recuperar outros 45 fósseis originários do Ceará que atualmente estão na França.
De acordo com o G1, a informação é do paleontólogo cearense Allyson Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, mantido pela Universidade Regional do Cariri (Urca) – instituição para onde foi destinada a relíquia que estava na Alemanha.
Segundo ele, o novo processo de repatriação foi aceito pelo governo francês e deve entrar na fila da devolução acompanhado de um outro processo concluído, que tem por objetivo restituir ao Brasil 998 fósseis apreendidos na cidade portuária francesa de Le Havre. Também existe um terceiro processo, ainda em andamento, que pede a repatriação de um fóssil de pterossauro completo.
Assim como o Ubirajara jubatus, todos eles são provenientes da Bacia do Araripe, região localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
Essa área é mundialmente conhecida pela grande quantidade de materiais fossilíferos do período Cretáceo (110 a 115 milhões de anos atrás), um dos mais difíceis de se encontrar materiais bem preservados.
Ainda não há prazo definido para os 45 fósseis chegarem ao Brasil. A título de comparação, o processo de repatriação dos 998 fósseis encontrados na França começou em 2013, e até agora os objetos não embarcaram de volta ao país de origem.
Embora a formalização da devolução pelo governo francês ao brasileiro tenha ocorrido em 2022, os fósseis permanecem na França. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil estuda as providências logísticas necessárias para a repatriação do material.
“Não existe uma documentação própria para um caso como esse. É tão raro acontecer que você não tem um padrão de atuação, você não tem um caminho certo administrativo, precisou ser construído. Mas agora o caminho é mais fácil, já está construído, a gente não imagina que demore tanto quanto esse outro dos 998, especialmente na França”, disse Pinheiro.
Fóssil Ubirajara jubatus deve ser renomeado
O movimento pela repatriação do fóssil Ubirajara jubatus começou após a publicação de um estudo internacional que classificava a espécie. Como o artigo foi anulado depois da descoberta de que o item havia sido levado ilegalmente do Brasil, a peça deve ser renomeada.
Segundo Pinheiro, a nova pesquisa de classificação do fóssil será conduzida por brasileiros e estrangeiro. “É importante deixar claro que a Urca e o Brasil não estão fechados para a comunidade internacional, muito pelo contrário, a gente quer colaborar, quer fazer junto, quer a percepção do pessoal de fora também sobre os materiais. A única coisa que a gente pede é que esses materiais preferencialmente fiquem aqui”, explicou o paleontólogo.
Fonte: Olhar Digital
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