Um estudo realizado na Universidade de Illinois, em Chicago, nos EUA, pode ter chegado perto de encontrar um material que seria considerado quase mágico por cientistas: um supercondutor, que, capaz de conduzir eletricidade em temperatura ambiente, não perderia energia devido à resistência elétrica, abrindo espaço para uma série de avanços tecnológicos bastante significativos.
Mas calma: o tal material ainda não existe. O que temos de novo é um estudo que conseguiu provar que um supercondutor poderia perder a resistência elétrica. Esse avanço, por si só, poderia muito bem motivar cientistas ao redor do planeta na busca pelo supercondutor mágico.
Estudo afirmou ter encontrado material supercondutor, mas não é bem assim
O estudo da Universidade de Illinois foi feito com base de uma alegação recente de outra pesquisa, publicada em março, que afirmava ter descoberto tal material supercondutor sem resistência elétrica em temperatura ambiente.
O problema é que tal estudo, publicado na Nature, uma das mais prestigiadas revistas científicas, levantou questionamentos por parte da comunidade científica, inclusive com suspeitas de que parte dos resultados teriam sido fabricados.
O professor Ranga P. Dias, da Universidade de Rochester em Nova York, foi uma das figuras mais importantes do estudo inicial, que alegava ter encontrado um material supercondutor a temperaturas de aproximadamente 21 graus Celsius — materiais supercondutores conhecidos, normalmente, exigem temperaturas muito mais baixas para funcionarem da maneira desejada.
Para atingir a característica sonhada pela comunidade científica, o material em questão precisava ser exposto a uma pressão cerca de 10 vezes superior à encontrada no fundo do oceano. Essa exigência dificultaria o uso cotidiano do material, mas abria espaço para que novas descobertas na área pudessem chegar a um resultado com implicações práticas.
O estudo foi recebido com ceticismo por parte da comunidade científica, e muitos pesquisadores falharam ao tentar reproduzir os resultados, levantando assim a suspeita de que eles teriam sido fabricados.
Novo estudo renova esperança de cientistas
O estudo da Universidade de Chicago foi feito por um grupo liderado pelo professor Russel J. Hemley e ainda precisa ser avaliado por pares antes de ser publicado em revistas científicas, mas isso não impediu a comunidade de ficar empolgada com as descobertas iniciais dos cientistas.
Hemley é bastante respeitado entre seus pares, o que certamente contribuiu bastante para a recepção inicial positiva. Com sua equipe, o pesquisador observou quedas consideráveis de resistência elétrica no material descrito pelo grupo do pesquisador Dias.
O material do estudo de março é feito de lutécio, um metal de terra rara, em conjunto com hidrogênio e nitrogênio. Os pesquisadores de Chicago pegaram uma amostra no laboratório de Dias para conduzirem seus estudos.
Mas nem tudo foi igual: no estudo de Chicago, isso ocorria a cerca de 2,7 graus Celsius, e a temperatura variava de acordo com o quão apertado o material estava — ou seja, sob quanta pressão ele funconada.
“Eles fizeram as medições de resistência elétrica que confirmaram nossos resultados”, comemorou Dias ao NY Times. “Isso mostra como a dependência da pressão na transição da temperatura, o que está de acordo com o que relatamos em nosso estudo da Nature”, continuou.
O principal porém do novo estudo é que ele não confirmou as capacidades supercondutoras do material. Isso significa que ele pode ser só um excelente condutor, mas não chegar perto do sonho dos cientistas da área.
Ainda assim, a descoberta empolga a comunidade de pesquisadores e pode incentivar cientistas a, com base nos resultados desses estudos, experimentarem novas maneiras de chegar ao material supercondutor sonhado.
Via NY Times
Fonte: Olhar Digital
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