Recentemente a termosfera da Terra atingiu um pico de temperatura visto pela última vez há cerca de 20 anos. Isso aconteceu depois que a camada absorveu a energia das tempestades geomagnéticas que atingiram o planeta esse ano. Provavelmente a temperatura continuará subindo visto o aumento da atividade do Sol nos próximos meses.
A termosfera é a segunda camada mais alta da atmosfera iniciando a cerca de 85 quilômetros de altitude, depois da mesosfera, e indo até cerca de 600 quilômetros, quando se inicia a exosfera. Depois disso, se encontra o espaço sideral, segundo a NASA.
O aquecimento da camada se dá quando o plasma magnetizado em alta velocidade, as ejeções de massa coronal do Sol, ou os ventos solares, em menor quantidade, colidem com o campo magnético da Terra, depositando sua energia na termosfera.
Quando isso acontece o dióxido de carbono e o óxido nítrico na atmosfera aumentam suas emissões de luz infravermelha, permitindo que a temperatura seja medida.
Para medir a temperatura, a NASA utiliza dados coletados pelo satélite Thermosphere, Ionosphere, Mesosphere, Energetics and Dynamics (TIMED) e os convertem para o Índice Climático da Termosfera (TCI) medido em terawatts (TW) – 1 TW é igual a um trilhão de watts.
Altas temperaturas e o ciclo solar
O Índice atingiu o pico no dia 10 de março, com 0,24 TW, causada por três tempestades geomagnéticas que aconteceram em janeiro e fevereiro. A última vez que foi registrado um valor tão alto assim no TCI, foi em 28 de dezembro de 2003.
Depois do pico, outras duas tempestades atingiram a Terra, o que garantiu que a temperatura da termosfera continuasse alta, mas sem ultrapassar o pico. Uma aconteceu em 24 de março, sendo a tempestade solar mais forte nos últimos seis anos e a outra, em 24 de abril.
Essas tempestades geomagnéticas têm se tornado recorrentes devido à aproximação do máximo solar, uma parte do ciclo de 11 anos do Sol, quando ele fica mais ativo e coberto de manchas e loops de plasma onde ocorrem as ejeções de massas coronais.
A projeção é que o máximo solar aconteça em 2025, mas um estudo publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciencessugere que ele acontecerá ainda no final de 2023, o que significa que a tendência de aquecimento continuará nos próximos anos, ou meses.
O problema é que essas tempestades e o aumento da temperatura da termosfera podem acabar por gerar danos a satélites, que estão localizados no limite superior da camada.
A termosfera se expande à medida que aquece, aumento do arrasto aerodinâmico em todos os satélites e detritos espaciais.
Martin Mlynczak, pesquisador do TIMED e criador do TCI, em resposta a LiveSicence
Esse arrasto pode puxar os satélites para mais perto da Terra, fazendo com que eles colidam uns com os outros, ou até mesmo caiam. Esses problemas podem ser evitados posicionando-os em uma órbita mais acima quando necessário, mas quando as tempestades chegam na termosfera de surpresa, pode ser tarde demais até que uma atitude seja tomada.
Fonte: Olhar Digital
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