Conforme noticiado pelo Olhar Digital, sensores acústicos da Marinha dos EUA detectaram a suposta implosão do submarino Titan, desaparecido no último domingo (18), cujos destroços foram encontrados na quinta-feira (22).
De acordo com o site The Wall Street Journal (WSJ), esses sensores podem fazer parte de um sistema norte-americano de espionagem subaquática ultrassecreto originalmente desenvolvido para rastrear submarinos da então União Soviética (URSS) – sucedida pela Rússia – na época da Guerra Fria (1947-1991).
Segundo a publicação, a adoção desse sistema teria sido motivada por constantes temores sobre submarinos soviéticos que poderiam lançar armas nucleares. Além disso, as tensões de hoje com a China reforçam a importância do recurso, já que a Marinha do Exército de Libertação Popular navega uma frota de dezenas de submarinos, incluindo seis que podem transportar mísseis balísticos.
Recordando o caso do submarino Titan:
Por que o sistema de espionagem subaquático dos EUA é considerado ultrassecreto?
“Qualquer coisa que envolva a tríade nuclear é supersecreta”, disse Brynn Tannehill, analista técnica sênior da RAND (uma organização de pesquisa que desenvolve soluções para políticas públicas), referindo-se ao conceito estratégico de armas nucleares implantadas por terra, mar e ar. “E qualquer coisa que envolva capacidades de sensores dos EUA é supersecreta”.
O que se sabe é que no início da Guerra Fria, os norte-americanos começaram a trabalhar no que se tornaria o Sistema de Vigilância Sonora (SOSUS). Desenvolvido para detectar submarinos nucleares soviéticos, o SOSUS contava com uma rede de dispositivos de escuta chamados hidrofones fixados no fundo do mar. O próprio nome do programa só foi revelado anos depois do colapso da URSS.
No entanto, a localização e as capacidades dos hidrofones permanecem em sigilo absoluto até hoje.
Sistema já foi usado em buscas subaquáticas antes do submarino Titan
O SOSUS já foi usado para encontrar embarcações naufragadas antes, como o USS Thresher, um submarino de propulsão nuclear que afundou em 1963 durante testes de mergulho ao largo de Cape Cod, Massachusetts, matando todas as 129 pessoas a bordo.
“O sistema permanece em uso hoje, e provavelmente detectou os ruídos causados pela implosão do Titan”, disse Tannehill ao WSJ. “Mas outros métodos de detecção também podem ter ajudado na busca”.
Ela destaca que a participação do SOSUS nesses casos nunca é explicada detalhadamente. “Assim que você começa a falar sobre sistemas de guerra antissubmarino e barcos no Atlântico Norte, você imediatamente atinge a liberação ultrassecreta”, disse a analista, ressaltando que se a Marinha não parece “particularmente solícita” é porque ela não tem autoridade presidencial para revelar seus segredos.
Fonte: Olhar Digital
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