Logo nos primeiros dias da pandemia de Covid-19, resultados publicados na revista científica Blood Advances sugeriram que pessoas do grupo sanguíneo A eram mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus. No entanto, nenhum estudo havia identificado um mecanismo que poderia explicar esse aparente desequilíbrio de risco. Até agora.
Para quem tem pressa:
Um grupo de pesquisadores liderado por Sean Stowell, da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), demonstrou que o SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, infecta preferencialmente as células do grupo sanguíneo A. Isso proporciona uma ligação direta entre esse grupo sanguíneo e uma taxa de infecção maior pelo vírus.
Mostramos que a parte da proteína spike do SARS-CoV-2 [novo coronavírus], que é a chave para permitir que o vírus invada as células, exibe afinidade com as células do grupo sanguíneo A. E o vírus, por sua vez, também mostra uma capacidade preferencial de infectar as células do grupo sanguíneo A.
Sean Stowell, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA)
O artigo que descreve os experimentos realizados pelos pesquisadores em laboratório foi publicado nesta terça-feira (27), na revista científica Blood.
Como o estudo sobre a Covid foi feito
No laboratório, Stowell e seus colegas descobriram que a adição de uma proteína que inibia o SARS-CoV-2 de reconhecer certos antígenos de grupos sanguíneos (substâncias que causam uma resposta imune no corpo) bloqueava a preferência do vírus por infectar grupos sanguíneos A. Mas não teve efeito nas células do grupo sanguíneo O.
A adição de uma proteína diferente que não bloqueou o reconhecimento de antígenos de grupos sanguíneos não teve efeitos inibidores de infecção nas células A ou O. “As células do grupo sanguíneo A eram mais propensas a serem infectadas com SARS-CoV-2 quando comparadas com as células do grupo sanguíneo O”, disse o Dr. Stowell.
Outros experimentos mostraram que a cepa Omicron do SARS-CoV-2 tinha uma preferência ainda mais forte em infectar células do grupo sanguíneo A do que o vírus original.
Uma ressalva
Embora as descobertas forneçam um mecanismo de como o grupo sanguíneo A pode influenciar diretamente o risco de infecção por SARS-CoV-2, Stowell alertou que as descobertas não significam que pessoas com grupo sanguíneo O não precisam tomar precauções contra infecção pelo novo coronavírus.
Entre um grupo de milhares de pessoas, alguns estudos sugerem que aqueles com grupo sanguíneo A podem ter 20% mais chances de serem infectados após exposição ao SARS-CoV-2 em comparação com aqueles que têm grupo sanguíneo O. Mas pessoas com grupo sanguíneo O ainda podem contrair o vírus e podem transmiti-lo a outras pessoas.
Sean Stowell, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA)
Além disso, o especialista explicou que fatores como idade e condições crônicas – por exemplo, doenças cardíacas – têm uma classificação mais alta do que o tipo sanguíneo na determinação do risco individual de infecção grave pelo novo coronavírus.
O grupo sanguíneo é uma das muitas variáveis que influenciam a probabilidade de uma pessoa ser infectada após a exposição ao SARS-CoV-2. Independentemente do seu grupo sanguíneo, os indivíduos devem ser totalmente vacinados contra a Covid-19 e continuar a tomar outras medidas preventivas adequadas ao seu nível de risco.
Sean Stowell, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA)
Estudos futuros serão necessários para descobrir as características do vírus que são responsáveis por envolver o grupo sanguíneo A, além da extensão em que essa preferência é preservada à medida que surgem novas variantes do coronavírus.
Com informações da Blood
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Fonte: Olhar Digital
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