Você já parou para pensar como a Terra ficaria se todos os humanos desaparecessem, como aconteceu há 66 milhões de anos com os dinossauros, por exemplo?
Carlton Basmajian, professor de planejamento comunitário e regional e design urbano da Universidade Estadual de Iowa, nos EUA, fez uma projeção do que uma pessoa encontraria no mundo se pudesse voltar um ano depois da aniquilação da espécie humana do planeta.
Segundo ele, a primeira coisa a ser percebida seria o silêncio. “Nossos prédios são barulhentos. Nossos carros são barulhentos. Nosso céu é barulhento. Todo esse barulho não existiria mais”, escreveu Basmajian em um artigo publicado na seção Crianças Curiosas, do site The Conversation.
Outra coisa que chamaria bastante a atenção seria o clima. “Depois de um ano sem gente, o céu ficaria mais azul, o ar mais limpo. O vento e a chuva limpariam a superfície da Terra, e toda a poluição e poeira que os humanos produzem desapareceriam”.
Mas, nem tudo seria tão bom assim…
Ausência de seres humanos na Terra provocaria desordem geral
Basmajian comparou a situação com a de uma pessoa voltando de uma longa viagem. Ao chegar em casa, ela perceberia que a total falta de seres humanos no mundo, além de silêncio e ar puro, também traria desconfortos.
Se estivesse com sede, por exemplo, essa pessoa estaria em apuros. Como os sistemas de água exigem bombeamento constante, se ninguém estivesse trabalhando no abastecimento público para gerir as máquinas, não haveria água nas torneiras.
No entanto, a água parada nos canos ainda estaria lá quando o inverno chegasse – então, na primeira onda de frio, o ar congelaria o líquido, estourando os tubos.
Também não haveria eletricidade. As usinas parariam de funcionar devido à ausência de trabalhadores para monitorá-las e manter o fornecimento de combustível.
Um verdadeiro caos teria se instaurado no quintal da residência. A grama teria crescido tanto, mas tanto, que chegariam a um ponto em que pararem de crescer, depois de ficarem tão compridas. Segundo o professor, novas ervas daninhas apareceriam, e elas estariam em todos os lugares. “Muitas plantas que você nunca viu antes criariam raízes em seu quintal. Toda vez que uma árvore solta uma semente, uma pequena muda pode crescer. Ninguém estaria lá para retirá-la ou cortá-la”.
Basmajian também destaca que muitos insetos se fariam presentes. “Lembre-se, as pessoas tendem a fazer tudo o que podem para se livrar de insetos: pulverizam o ar e o solo com spray, removem o habitat dessas criaturas, colocam telas nas janelas. Sem nada disso, eles terão dominado a área”.
Animais viveriam de acordo com o ritmo da natureza
Segundo Basmajian, ratos, marmotas, guaxinins, gambás, raposas e castores andariam livremente por aí, seguidos, posteriormente, de animais maiores, como veados, coiotes e ursos. “Não no primeiro ano, talvez, mas eventualmente”, ressalta.
Sem eletricidade, o ritmo do mundo natural voltaria. As únicas luzes seriam do Sol, da Lua e das estrelas. “Os bichos da noite se sentiriam bem se tivessem seu céu escuro de volta”.
No entanto, isso também implica em situações difíceis. Os incêndios, por exemplo, aconteceriam com mais frequência. “Um raio pode atingir uma árvore ou um campo e incendiar o mato, ou atingir as casas e prédios. Sem pessoas para apagá-los, esses incêndios continuariam até que tudo se queimasse”.
Além disso, as fazendas ficariam vulneráveis, com o progressivo desaparecimento dos vegetais que comemos e a invasão de animais selvagens, como coiotes, lobos e panteras, que atacariam os bichos menores, especialmente cães e gatos.
Como estariam as construções
Depois de apenas um ano, estruturas de concreto – estradas, rodovias, pontes e edifícios – estariam praticamente iguais. No entanto, com o passar do tempo, eles seriam tomados por rachaduras, com pequenas plantas crescendo nelas.
Isso porque a Terra está em constante movimento. Com esse movimento vem a pressão, e com ela, as fissuras. Eventualmente, as estradas rachariam tanto que pareciam vidros quebrados, e até árvores cresciam através delas.
Pontes com bases de metal enferrujariam lentamente. As vigas e parafusos que as sustentam também. “Mas as grandes pontes de concreto, e as rodovias interestaduais, também de concreto, durariam séculos”, garante o pesquisador, afirmando que as barragens e diques existentes nos rios e córregos do mundo, por sua vez, iriam corroer.
Ruínas depois de mil anos
Em mil anos, o mundo ainda seria vagamente reconhecível. Basmajian diz que algumas coisas teriam permanecido – a depender dos materiais de que fossem feitas, do clima e de pura sorte.
“Um prédio de apartamentos aqui, um cinema ali, ou um shopping center em ruínas ficariam como monumentos de uma civilização perdida”, prevê o professor, comparando com povos antigos. “O Império Romano entrou em colapso há mais de 1.500 anos, mas você pode ver alguns resquícios até hoje”.
Para Basmajian, o desaparecimento repentino dos humanos da Terra revelaria algo sobre a maneira como a tratamos. “Também nos mostraria que o mundo que temos hoje não pode sobreviver sem nós e que não podemos sobreviver se não cuidarmos dele. Para mantê-lo funcionando, a civilização – como qualquer outra coisa – requer manutenção constante”.
Fonte: Olhar Digital
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