O segundo semestre deste ano deve ter mudanças no clima em especial com a presença do “super” El Niño. O problema, entretanto, não é novo na região e vem de milênios. No norte do Peru, uma parede de pedra se estende por cerca de 10 quilômetros pelo deserto. Durante muito tempo pensou-se que ela havia sido construída por uma antiga civilização pré-colombiana como forma de defesa, mas agora, um novo estudo aponta que, na verdade ela servia como proteção das inundações causadas pelo fenômeno climático.
O muro é conhecido como Muralla La Cumbre e fica localizado próximo a Trujillo, no Peru. Ele foi construído por volta do ano 1100 a.C pelo povo Chimú, que era inimigo dos Incas, por isso pensava-se que ele havia sido construído para proteção.
A nova análise da parede com 2,5 metros de altura revelou camadas de sedimentos de inundação apenas em seu lado leste, indicando que ela foi provavelmente construída para proteger as plantações no lado oeste, próximo à costa, de inundações devastadoras, durante as fases úmidas mais fortes do ciclo climático, que hoje sabe-se ser causado pelo El Niño.
A precipitação anual lá em um ano normal é muito baixa – quase nenhuma chuva. Então, quando a chuva foi muito alta, isso causou muitos danos.
Gabriel Prieto, arqueólogo, em resposta a LiveScience
Povo Chimú
O povo Chimú estabeleceu o reino de Chimor por volta do ano 900 EC e eram conhecidos por adorarem a Lua, ao contrário dos Incas que adoravam o Sol, tendo sido conquistados por eles por volta de 1470. Atualmente eles são conhecidos por seus trabalhos em cerâmicas, metalurgia e as ruínas de sua capital, Chan Chan.
Os arqueólogos acreditam que as inundações do El Niño e a construção da parede podem estar ligadas ao sacrifício de crianças e animais. A datação de radiocarbono, indicou que uma das camadas de sedimentos da parede são de aproximadamente 1450, mesma época em que cerca de 145 crianças e 200 lhamas foram sacrificadas em outro local do reino de Chimú.
É bem provável que as inundações que aconteciam a cada poucos anos, fossem conhecidas pelos Chimú e os desastres recorrentes eram utilizados como forma dos governantes solidificarem sua autoridade com sacrifícios.
Os Chimú eram descendentes de pessoas que viveram nesta região por 10.000 anos – eles sabiam exatamente o que estava acontecendo. Isso foi uma espécie de jogo político, eu acho.
Gabriel Prieto
Super El Niño no segundo semestre
O hemisfério sul começa a ser atingido nesta quarta-feira (21) pelo inverno e entra na rota do super El Niño. O fenômeno meteorológico deve ser muito intenso e modificar o clima do planeta enquanto estiver ativo no segundo semestre.
Existem dois tipos de El Niño: o clássico, que altera a temperatura do mundo todo com o aquecimento de uma grande faixa do Oceano Pacífico, e o costeiro, em que ocorre o aquecimento apenas na costa do Peru e do Equador.
O que você precisa saber?
De acordo com a OMM, o fenômeno climático tem 80% de probabilidade de se formar até setembro deste ano. Ele ocorre em média a cada dois a sete anos, e os episódios geralmente duram de nove a 12 meses.
Além do calor, o El Niño deve aumentar a seca ou chuvas em diferentes partes do mundo. Isso pode trazer alívio da seca no Chifre da África e outros impactos relacionados ao La Niña, mas também pode desencadear eventos climáticos e climáticos mais extremos.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
Fonte: Olhar Digital
Comentários