Você já ouviu falar da síndrome de Kessler? Proposta por um consultor da NASA chamado Donald J. Kessler, essa teoria abrange um conjunto de características inseridas desordenadamente no ambiente espacial cuja tendência é resultar em colisões e reações em cadeia envolvendo os satélites e outros objetos em órbita ao redor da Terra – aumentando desenfreadamente o problema do lixo espacial.
Com o tempo, uma nuvem de detritos em torno do nosso planeta acabaria por impedir o acesso ao espaço ao redor, além de causar problemas para a observação espacial a partir da Terra.
Pensando em amenizar a situação, muitas empresas vêm apresentando propostas para solucionar – ou pelo menos minimizar – o problema, desde explodir satélites abandonados com lasers até ajudar a reabastecê-los e reativá-los.
Uma dessas empresas é uma startup britânica chamada Astroscale, que propõe lidar com a questão usando uma técnica bem simples: conectar um satélite inativo a um ativo que possa desorbitá-lo.
Recentemente, eles lançaram um vídeo promocional para apresentar o projeto, denominado ELSA-M.
Satélites inativos na órbita da Terra agravam problema do lixo espacial
ELSA-M é a sigla em inglês para algo como “Serviços de fim de vida da Astroscale-Múltiplo”. Ele consiste em um satélite que seria acoplado a um satélite inativo, para forçá-lo a uma órbita mais baixa e fazê-lo reentrar mais rapidamente na atmosfera da Terra.
Se o projeto for concretizado, será o primeiro satélite já lançado a fazer esse tipo de serviço. Não está claro quantas vezes um único satélite ELSA-M pode executar a função, mas o “múltiplo” no final da sigla pode significar ser mais de uma.
O site da empresa descreve o equipamento como um satélite de manutenção com sistemas de propulsão química e elétrica que se baseiam na experiência de uma missão demonstrativa antecessora chamada ELSA-D. Suas atribuições incluirão procurar o satélite do cliente, inspecioná-lo e criar uma abordagem segura que permita uma captura.
No entanto, isso só poderá acontecer se o satélite em questão tiver uma placa de encaixe, conforme projetado pela própria Astroscale. Essa peça de hardware necessária não só contém o kit pneumático e magnético para permitir que a ligação real ocorra, mas também contém um QR code que identifica a orientação do satélite cliente e transmite algumas outras informações para o prestador de serviços ELSA-M.
Segundo a Astroscale, a maioria dos provedores de satélites responsáveis entende o perigo que os detritos espaciais representam. No entanto, não há uma estrutura regulatória que exija que eles cumpram os requisitos de tecnologia sugeridos pela empresa, ou de qualquer outra pessoa, para permitir o descarte seguro de detritos.
Também não está claro quando, ou mesmo se, tal marco regulatório será lançado. Talvez esperar que a Astroscale prove sua tecnologia seja o estímulo necessário para iniciar o que será, sem dúvida, uma característica necessária do acesso ao espaço à medida que se torna cada vez mais difundido. E talvez o próprio ELSA-M seja essa demonstração de tecnologia. Mas, isso, só o tempo dirá.
Fonte: Olhar Digital
Comentários