A morte de Naël, um jovem de 17 anos, que foi baleado pela polícia francesa, gerou uma onda de revolta e protestos no país nesta quarta-feira, 28. O adolescente foi morto a tiros enquanto tentava fugir de dois agentes com um carro. O caso revoltou a população e até personalidades, como os jogadores de futebol Kylian Mbappé, que joga no Paris Saint-Germain, e Jules Koundé, do Barcelona, se manifestaram e criticaram o abuso das autoridades. “Sinto-me mal pela minha França. Uma situação inaceitável. Todos os meus pensamentos vão para a família e entes queridos de Naël, este anjinho que partiu cedo demais”, escreveu o atacante francês Mbappé em sua conta no Twitter. Koundé, também por meio das redes sociais, também se manifestou sobre a situação e a chamou de inaceitável. “Um jovem de 17 anos foi morto a tiros à queima-roupa por um policial por se recusar a obedecer durante uma checagem. Esta é a realidade da situação e é dramática. Como se não bastasse esse novo erro policial, os canais de notícias contínuas estão fazendo um grande alarido”, escreveu o jogador que também criticou o trabalho da imprensa, dizendo que suas “perguntas tem como único objetivo distorcer a verdade e criminalizar a vítima”.
Além dos atletas, o ator Omar Sy enfatizou que Naël morreu assassinado por um policial e exigiu que um juiz digno desse nome honre a memória desse menino. “Meus pensamentos e orações vão para a família e entes queridos de Naël, que morreu aos 17 anos esta manhã, morto por um policial em Nanterre. Que a justiça digna desse nome honre a memória desta criança”, escreveu. Seguido os passos das celebridades o presidente francês, Emmanuel Macron, se solidarizou com família de jovem morto e pediu calma, após uma noite de distúrbios com mais de 30 detidos e dezenas de carros incendiados. Durante um pronunciamento em Marselha, onde realiza uma visita de três dias, Macron afirmou que “nada justifica a morte de um jovem”, enquanto circulam imagens dos acontecimentos que desacreditam a versão inicial dos polícias envolvidos, segundo a qual teriam agido em legítima defesa. Ele expressou em nome de “toda a nação” sua “emoção e carinho por Naël e sua família” e destacou que sua morte “é inexplicável e indesculpável”. Macron ressaltou que quer que a Justiça atue com rapidez, mas com a serenidade necessária para encontrar a verdade. “Em um contexto como este, é preciso carinho e respeito por Naël e sua família, calma para que haja Justiça e também calma em todos os lugares porque não precisamos que a situação pegue fogo”, acrescentou, em alusão direta aos tumultos da noite passada em Nanterre e em outras cidades dos arredores de Paris
Diante das ondas de revoltas que o caso causou, o governo da França vai mobilizar 2.000 agentes das forças de segurança em cidades nos arredores de Paris para evitar a repetição dos distúrbios ocorridos ontem à noite. O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, fez nesta quarta-feira, 28, um “apelo à calma” antes de anunciar este dispositivo das forças de ordem e garantir que toda a verdade será conhecida sobre os acontecimentos que estão na origem dos distúrbios, os quais qualificou como “um drama”. Em pronunciamento à imprensa, Darmanin condenou os motins ocorridos na cidade de Nanterre e em outras nos arredores da capital francesa, que deixaram um saldo de 31 detenções. Os manifestantes incendiaram 40 veículos, um prédio da prefeitura de Mantes la Jolie e feriram 24 policiais, segundo o ministro, que detalhou que 1.200 agentes foram mobilizados durante a noite. O prefeito da polícia de Paris, Laurent Núñez, detalhou nesta quarta-feira à emissora de televisão ‘CNews’ disse que o “dispositivo durará o tempo que for necessário”, referindo sobre a manutenção do efetivo policial nos próximos dias.
Núñez reconheceu que se esperava tumultos após o ocorrido na manhã de ontem em Nanterre, em alusão à morte de Naël, um jovem classificado como negro e que possuía antecedentes criminais que dirigia sem carteira e que, após ser parado por dois policiais, tentou fugir com o veículo e foi morto a tiros. Um vídeo do incidente registrado por uma testemunha mostra como um dos agentes, um brigadista de 38 anos, apontou sua arma diretamente para o menor próximo à janela do motorista enquanto o outro falava com ele do mesmo lado. O tiro ocorreu no momento em que o carro acelerava, sem ameaçar diretamente a integridade dos policiais, o que foi, no entanto, o que alegaram inicialmente o policial que efetuou o disparo, que está preso, e seu colega. A Justiça abriu duas investigações, uma delas por homicídio voluntário cometido por um responsável pelo poder público, que diz respeito diretamente à responsabilidade desse brigadista. A segunda, por fugir de um controle policial, tem a ver com o comportamento de Naël, procedimento que tem provocado a indignação da família do jovem que, pela boca da advogada Jennifer Cambla, lembrou que na França não se pode julgar um morto. Em declarações nesta quarta-feira à emissora de rádio “France Info”, Cambla indicou que a família pretende apresentar queixa por falsificação, por considerar que os agentes envolvidos no incidente mentiram no seu primeiro depoimento.
A advogada afirmou ainda que a reação da polícia foi “absolutamente ilegítima” e que “não se enquadra no marco da legítima defesa” porque “não basta sentir-se ameaçado para disparar uma bala no peito”. Esses eventos geraram uma reação política, especialmente de alguns representantes da esquerda, que denunciaram o grande número de mortes nas mãos de policiais que tentam amparar-se sob a legítima defesa, principalmente quando um motorista foge de um controle policial. “Essas mortes comprometem a autoridade do Estado. A polícia deve ser totalmente reconstruída e seus assassinos punidos. Os policiais republicanos não devem mais se deixar desonrar por esse tipo de companheiro. E os comentaristas que os perdoam encorajam o pior”, afirmou Jean-Luc Mélenchon, líder esquerdista, em sua conta no Twitter.
J’ai mal à ma France. 💙🤍💔💔💔
Une situation inacceptable.
Tout mes pensées vont pour la famille et les proches de Naël, ce petit ange parti beaucoup trop tôt.— Kylian Mbappé (@KMbappe) June 28, 2023
Un jeune homme de 17 ans abattu à bout portant par un policier pour un refus d’obtempérer lors d’un contrôle. Telle est la réalité de la situation et elle est dramatique.
Comme si cette nouvelle bavure policière ne suffisait pas les chaînes d’information en continu en font leurs…
— Jules Kounde (@jkeey4) June 27, 2023
Mes pensées et prières vont à la famille et aux proches de Naël, mort à 17 ans ce matin,
tué par un policier à Nanterre.Qu’une justice digne de ce nom honore la mémoire de cet enfant. pic.twitter.com/mdNp6Aju80
— Omar Sy (@OmarSy) June 27, 2023
A #Nanterre, in Francia, un poliziotto ha sparato e ucciso un ragazzino di 17 anni a un posto di blocco. Si chiamava Naël.
La polizia aveva detto di essersi difesa da un tentativo di investirli. Ora è uscito un video dello sparo che ridimensiona l’accaduto e inchioda l’agente. pic.twitter.com/cbr5a2GvB4
— Luigi Mastrodonato (@LuigiMastro_) June 28, 2023
Triste image d’une France incapable de gérer les banlieues. Bien sûr, le phénomène n’est pas nouveau mais nous devons faire de ce combat, une de nos priorités. pic.twitter.com/HJfRqJchUt
— Valérie Boyer (@valerieboyer13) June 28, 2023
France is burning again after police murdered a 17-year-old boy named Nael M, in the Paris suburb of Nanterre.
Angry crowds lit fires in the streets, torched upwards of 40 cars, destroyed bus stops and fought police, injuring at least 25 officers. pic.twitter.com/K39AHjndbY
— Ill Will (@illwilleditions) June 28, 2023
Fonte: Jovem Pan News
Comentários