A Polícia Científica de Pernambuco está utilizando um novo tablet equipado com tecnologia turca que permite a identificação precisa de vestígios não visíveis a olho nu deixados por criminosos. Esse é o primeiro equipamento do tipo utilizado na região Nordeste do Brasil.

Jeyzon Valeriano, diretor do Laboratório de Genética Forense de Pernambuco, destaca que isso facilita a coleta de elementos da cena do crime, como DNA e marcas de disparos de arma de fogo.

O tablet forense multiespectral permite visualizar o local exato de manchas de sangue, sêmen, urina, saliva e outros vestígios que não estejam visíveis, que estão encobertos, ocultos. Isso não se restringe apenas a vestígios biológicos. Ele também pode ser usado para vestígios não biológicos e na documentoscopia, para identificação de falsidade de documentos, e na balística.

Jeyzon Valeriano, diretor do Laboratório de Genética Forense de Pernambuco

Valeriano também ressalta que o equipamento traz praticidade para as perícias, pois é compacto e pode ser transportado para qualquer local, além de oferecer maior precisão nos procedimentos.

tablet polícia
Imagem: SDS / Divulgação

Após a identificação dos vestígios, as evidências são enviadas para análise e, posteriormente, passam pelo teste de comprovação.

Antes da utilização do tablet, era comum realizar coletas “às cegas”, onde a presença do vestígio era indicada de forma presumida e por inferência. Isso gerava o risco de interpretações equivocadas, como confundir lama com sangue ou vice-versa, por exemplo.

A tecnologia inovadora dos tablets turcos chamou a atenção da corporação, que adquiriu duas unidades em maio deste ano. O investimento foi de R$ 580 mil, realizado por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública. A Polícia Científica treinou 40 profissionais para operar o equipamento.

Uma das unidades do tablet ficou no Laboratório de Genética, enquanto a outra foi destinada à Divisão Especializada em Perícias Patrimoniais (DEPP), responsável pela investigação de crimes contra o patrimônio, como assaltos a bancos e arrombamentos de instituições e veículos.

Segundo o diretor Valeriano, a maioria dos casos analisados está relacionada a crimes sexuais, sendo que os materiais examinados geralmente consistem em tecidos, como lençóis e roupas. Esses materiais auxiliam na identificação do perfil genético do infrator.

O laboratório, localizado na Área de Segurança Integrada 6, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, contribui para a investigação de aproximadamente 3 mil casos por ano, recebendo materiais das cenas de crime e diretamente do Instituto de Medicina Legal (IML).

“Sem dúvida, gostaríamos de ter mais unidades, mas tudo depende do orçamento. Com a atual cotação do dólar, um tablet desse custa cerca de R$ 300 mil”, afirmou Jeyzon.

Com informações do g1.