Ao menos 157 pessoas foram presas na França na madrugada de segunda-feira, 3, na sexta noite de protestos desencadeado após a morte de Nahel, um jovem de 17 anos, de origem argelina, que atingido por um tiro à queima-roupa durante uma operação policial para controlar o trânsito. Na noite anterior, mais de 700 tinham sido detidas. Um bombeiro de 24 anos morreu quando tentava controlar um incêndio de veículos em um estacionamento subterrâneo na região de Paris, mas até o momento não foi estabelecido nenhum vínculo com os distúrbios. “Um jovem cabo dos bombeiros de Paris morreu apesar de ter sido socorrido muito rapidamente por sua equipe”, anunciou Gérald Darmanin, ministro de Interior, no Twitter, acrescentando que o incidente ocorreu em “um estacionamento subterrâneo”. Após noites de violência urbana, a intensidade dos protestos parece estar em queda, contudo, as autoridades registraram distúrbios. O balanço da noite de domingo e a madrugada de segunda-feira é: três agentes das forças de segurança feridos, 352 focos de incêndio nas ruas e 297 veículos queimados. Além disso, uma delegacia de polícia e um quartel da gendarmaria foram atacados.
Até a manhã de domingo, a violência tinha deixado 3.200 detidos, mais de 700 agentes das forças de segurança feridos, quase 5.000 veículos incendiados, 10 mil latas de lixo queimadas e quase 1.000 edifícios danificados, anunciou o ministério do Interior. A Associação de Prefeitos da França (AMF) convocou manifestações para o meio-dia – horário local – diante das sedes dos governos municipais de todo o país para protestar contra os “graves distúrbios” que atacam “símbolos” como escolas, prefeituras, bibliotecas e delegacias. Esses distúrbios já representam a crise mais grave no governo de Emmanuel Macron, presidente francês, desde o movimento dos ‘coletes amarelos’, realizado em 2018, onde milhares de pessoas protestaram contra o reajuste das taxas sobre o combustível. Dezenas de prefeitos convocaram para esta segunda uma mobilização diante das sedes dos governos municipais com objetivo, segundo as autoridades, é dialogar com a população numa “mobilização cívica em busca do retorno à ordem”.
Para muitos políticos, uma linha vermelha foi atravessada com o ataque à residência do prefeito de L’Haÿ-les-Roses (10 km ao sul de Paris), o direitista Vincent Jeanbrun. Um carro em chamas colidiu contra a casa. Jeanbrun estava na sede da prefeitura no momento do ataque, mas sua esposa teve que fugir de casa com os dois filhos e fraturou a tíbia. A justiça investiga o caso como “tentativa de assassinato”. “Eles queriam queimar a casa e quando perceberam que havia alguém dentro, em vez de parar, lançaram uma sequência de fogos de artifício”, declarou Jeanbrun à emissora de televisão TF1. Macron, que cancelou uma visita de Estado à Alemanha no fim de semana, receberá ainda nesta segunda-feira os presidentes das duas Câmaras do Parlamento. Na terça-feira, ele receberá 220 prefeitos de localidades que registraram distúrbios. A primeira-ministra, Élisabeth Borne, prometeu “grande firmeza” na aplicação de sanções.
A violência na França, que sediará a Copa do Mundo de Rugby este ano e os Jogos Olímpicos em 2024, preocupa no exterior. Vários países aconselharam seus cidadãos a não viajar para as áreas afetadas pelos distúrbios. A ministra dos Deportes, Amélie Oudéa-Castérea, anunciou o reforço da segurança das infraestruturas dos Jogos Olímpicos. A violência e a raiva dos jovens dos bairros populares lembram os distúrbios que abalaram a França em 2005, após a morte de dois adolescentes perseguidos pela polícia. Naquele ano, o balanço em três semanas de protestos foi de 10.000 veículos destruídos, mais de 200 edifícios públicos incendiados e 5.200 pessoas detidas. A avó de Nahel fez um apelo para que as pessoas “parem de vandalizar”. “Que não quebrem vitrines, que não destruam escolas, ônibus… são mães que usam o ônibus”, afirmou Nadia ao canal BFMTV.
*Com informações da AFP
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— Lili Brinderbe (@LiliBrinderbe) July 3, 2023
Fonte: Jovem Pan News
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