Uma descoberta incrível foi publicada nesta segunda-feira (3) no servidor de pré-impressão ArXiv. O artigo, que foi submetido ao Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, descreve um dos mais poderosos eventos de ignição energética já registrados em um buraco negro.
De acordo com os autores, um grupo de cientistas do Reino Unido, eles estavam pesquisando ondas gravitacionais quando se depararam com um tipo totalmente diferente de evento transiente – e um dos mais luminosos já vistos. Eventos transientes consistem em objetos astrofísicos que mudam drasticamente seu brilho em curtos períodos.
E o personagem principal desse espetáculo era um buraco negro supermassivo a 10 bilhões de anos-luz da Terra: o J221951-484240 (J221951, para ficar mais simples).
Cientistas analisam buraco negro para descobrir origem do evento
Segundo o site IFLScience, o evento estava acontecendo 10 meses antes do momento das observações. Para se ter uma ideia do quão brilhante era a visão, a energia total liberada é estimada em mais de 10 vezes a que o Sol vai liberar ao longo de 10 bilhões de anos.
Levantamentos dessa área do céu sugerem a presença de uma galáxia vermelha tranquila de onde vem esse sinal. E os pesquisadores dizem que a luz vem diretamente do núcleo de onde essa galáxia foi vista antes, que é coerente com um buraco negro supermassivo.
“O J221951 é consistente com ser nuclear, então os cenários que nos restam são um evento de ruptura de maré ou um núcleo galáctico ativo”, disse a autora principal do estudo, Samantha Oates, astrônoma da Universidade de Birmingham, ao apresentar a pesquisa no Encontro Nacional de Astronomia de 2023, promovido pelaRoyal Astronomical Society. “Olhando para o espectro, é consistente com as duas categorias”.
Um evento de ruptura de maré (TDE) ocorre quando uma estrela ou uma nuvem de gás se aproxima demais de um buraco negro supermassivo. O material é dilacerado e, devido à incrível atração gravitacional, começa a brilhar à medida que o buraco negro se alimenta dele. Se o evento é um TDE, é mais luminoso do que a maioria já observada e certamente não é um padrão.
Sobre a outra explicação, de que ele é um núcleo galáctico ativo (AGN), essa é a fase de um buraco negro supermassivo na qual ele se alimenta consistentemente, de forma extremamente voraz.
Embora as características do evento também não se encaixem no padrão AGN, a equipe acredita ter testemunhado as fases iniciais de um buraco negro supermassivo passando de adormecido para ativo, ou seja, uma ignição energética.
Isso quer dizer que, se for um AGN, ele está apenas começando. Mas, o que o “ligou” não está claro. “Esperamos, no futuro, distinguir entre esses dois cenários”, disse Oates em sua apresentação.
Fonte: Olhar Digital
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