Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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Lacalle Pou cobra Mercosul, diz que não há democracia plena na Venezuela e condena inelegibilidade de oponentes de Maduro

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O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticou a Venezuela nesta terça-feira, 4, e cobrou uma posição clara do Mercosul referente ao ditador Nicolás Maduro. “Todos aqui sabemos o que pensamos sobre o regime venezuelano, todos temos opinião clara. É preciso sermos objetivos”, disse. “Está claro que a Venezuela não vai sair para uma democracia saudável, e quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como Maria Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, e não jurídicos”, continuou. O Brasil assumiu nesta terça a presidência do bloco e ficará à frente do cargo durante seis meses. No dia 30 de junho, María Corina Machado, considerada uma das pré-candidatas favoritas para a eleição presidencial de 2024, foi considerada inelegível a exercer cargos públicos por 15 anos. A decisão foi divulgada pela Controladoria, próxima ao governo. “Tem que haver um sinal claro para que o povo venezuelano possa encaminhar-se a uma democracia plena, o que ele hoje claramente não tem”, disse Lacalle Pou. Essa não é a primeira vez que ele posicionamento referente a Maduro. Em maio, quando esteve em Brasília para participar do encontro entre líeres sul-americanos, o uruguaio havia criticado o presidente Lula sobre o seu posicionamento referente a Venezuela.

Na ocasião, o chefe de Estado do Brasil havia dito que a ditadura de Maduro era uma questão de narrativa. “Fiquei surpreendido quando se disse que o que se passou na Venezuela é uma narrativa. Todos já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo. Agora, se há tantos grupos no mundo que estão tratando de mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos para que não hajam presos políticos, o pior que se pode fazer é tapar o sol com um dedo”, disse a época. O presidente do Uruguai também voltou a defender o início das negociações com a China para um acordo comercial em bloco e advertiu que, do contrário, irá fazê-lo de forma unilateral. “Tanto se enche o jarro de água, que no final, ele quebra. Nós vamos insistir em buscar água, porque não é caprichosa a abordagem do Uruguai, dentro ou fora do Mercosul”, disse o presidente uruguaio durante a reunião de chefes de Estado do bloco realizada em Puerto Iguazú, na Argentina. Em seu discurso, Lacalle Pou reforçou a necessidade de uma flexibilização do Mercosul e uma “abertura para o mundo” de forma conjunta. “Não somos estúpidos. É melhor fazer junto”, completou o uruguaio, que disse se preocupar com a falta de movimento do bloco. Lacalle Pou voltou a mencionar seu desejo de iniciar diálogos com a China para um acordo comercial conjunto, mas lamentou a falta de avanço nessa direção. “Se não pudermos fazer dessa maneira, iremos fazer unilateralmente”, garantiu.

Além dele, o presidente do Paraguai, Abdo Benítez, que está de saída e tem como sucessor Santiago Peña, também criticou o que acontece na Venezuela. “Sempre busquei dar voz ao sofrido povo venezuelano e desta vez não será uma exceção. A coerência não pode ser deixada de lado no último minuto. Quando surge um caminho de saída, uma esperança, com a realização de eleições com a oposição, vimos rapidamente apagada essa ilusão com a inabilitação de Maria Corina Machado”, declarou, em sua última participação em uma cúpula do Mercosul, antes de deixar o Executivo de seu país em 15 de agosto. O presidente paraguaio destacou que a inabilitação de María Corina Machado “é um fato que choca frontal e escandalosamente com a letra clara dos direitos humanos”. “As restrições aos direitos políticos por vias administrativas devem ser sempre vistas com desconfiança e consideradas juridicamente inválidas”, ponderou. “Hoje vemos uma violação dos direitos do povo venezuelano, de María Corina Machado, que atacam o nervo da democracia venezuelana. O Paraguai não está interessado em de que força, política ou cor são os presidentes de seus parceiros, desde que tenham sido eleitos por seus cidadãos”, acrescentou Abdo Benítez, que participou da reunião junto com o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, que tomará posse em agosto.

Lula, que acabou de assumir a presidência do Mercosul e por vezes já defendeu a ditadura na Venezuela, não falou nada sobre o retorno do país ao bloco – eles estão suspensos desde 2016. Por outro lado, falou sobre o ingresso da Bolívia ao Mercosul. “Estamos aqui para discutir o futuro do Mercosul, o aprimoramento das relações entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. E nós queremos também preparar aqui a proposta de acordo para a União Europeia. Eles fizeram uma proposta, fizemos uma resposta. Mandaram uma carta para nós impondo algumas condições. Não aceitamos a carta. Estamos, agora, preparando outra resposta”, disse o petista. A cúpula do Mercosul está sendo realizada em Puerto Iguazú, na Argentina.

 

 

Fonte: Jovem Pan News

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