Produzir uma animação está longe de ser um trabalho simples, desde um pequeno filme com deep fake de Elis Regina cantando com a filha Maria Rita, até um longa específico deste estilo como Shrek, Toy Story e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Conversamos com a DreamWorks sobre este assunto e descobrimos detalhes nada óbvios que cercam a produção de uma película sem câmera de verdade.
O que você precisa saber:
A DreamWorks é um estúdio conhecido por animações com destaques para Kung Fu Panda, Shrek, A Fuga das Galinhas e Como Treinar seu Dragão. O mais recente é Ruby Marinho: Monstro Adolescente e é sobre ele que Kate Swanborg, vice-presidente sênior de Comunicações de Tecnologia e Alianças Estratégicas na empresa, comentou os bastidores deste tipo de trabalho.
Primeiro, o estúdio inteiro é grande o suficiente para acomodar 10 produções acontecendo ao mesmo tempo e isso envolve desde processo responsável por colocar a ideia no papel, até o lançamento no cinema. Cada longa toma cerca de quatro anos para todo este trabalho acontecer.
Mesmo com cinemas capazes de rodar até 120 quadros por segundo nos projetores, raramente temos algo para além dos 24 fps e este é o caso das animações da DreamWorks – e de outras também. Em uma matemática básica são 1.440 imagens criadas para cada minuto e fechando um total de 129,6 mil quadros no filme todo, supondo os 90 minutos que tendem a ter os desenhos computadorizados.
Cada animação tem cerca de 230 mil quadros
Cada um dos quase 130 mil frames passa por 12 processos até estar pronto para ser arquivado. No final do trabalho, somando tudo que foi criado e já está pronto para o longa existir de fato, são cerca de 500 milhões de arquivos para uma única produção e o tamanho disso tudo somado alcança 1 petabyte.
Se você tem um HD tradicional para notebooks e PCs de hoje, com 1 TB de espaço, precisaria de 1 mil deles para ter apenas um filme armazenado. Imagine então que são 10 filmes sendo produzidos ao mesmo tempo, então você precisa de 10 mil discos rígidos (ou SSDs) para todo trabalho da DreamWorks neste momento – um número maior: são 5 bilhões de arquivos ao mesmo tempo, agora.
Tudo isso é gerido por um sistema de servidores dentro do próprio estúdio. O objetivo é dividido em dois, sendo o primeiro pela segurança para garantir que vazamentos não ocorram e o segundo está na praticidade da comunicação, com o time inteiro responsável por cada produção.
Neste caso, são servidores da Lenovo e, segundo Swanborg, eles ficam operando em 99,99% da capacidade em todo momento. A instalação do sistema atual aconteceu durante o início da pandemia e no total são 80 mil núcleos em processadores espalhados por diversos racks, resfriados pelo sistema Neptune.
Servidores salvam centenas de horas de trabalho
Ele utiliza água morna no lugar do ar condicionado, exigindo menor espaço na área do radiador. Kate comenta que a solução adotada dentro da DreamWorks reduz o trabalho de tarefas de renderização em cerca de 20%. Na verdade ele não tirou a carga, mas garantiu mais capacidade nesta proporção para acelerar a produção inteira.
Quando estamos fazendo um longa, os artistas trabalham em partes bem pequenas dos filmes, entre dois e três segundos por vez e sempre revisam o trabalho com os diretores. Uma cena, com cerca de cinco segundos, se tem muitos personagens aparecendo, pode tomar mais de 10 horas para renderizar todo mundo, com os efeitos. Se toma todo esse tempo, só podemos revisar a cena uma vez por dia”.
Kate Swanborg
A tecnologia da Lenovo não toma todo esse tempo, a resposta dos diretores chega com mais rapidez, então conseguimos mais análises e mais respostas dos diretores. Não conseguimos mensurar o tempo inteiro que foi salvo no filme, mas garantimos que os longas saem melhores. Assim usamos o tempo de forma mais eficiente.
Kate Swanborg
DreamWorks usa IA, mas não no setor criativo
Aproveitei o momento de conversa para perguntar sobre inteligência artificial, em toda a escala do desenvolvimento de filmes de animação na DreamWorks.
Não estamos utilizando IA generativa no processo criativo. Nossos artistas são nossa imaginação e nossos contadores de histórias. Estamos, é claro, pesquisando o uso de inteligência artificial em locais onde pode ser utilizada, mas não vamos trocar nossas mentes.
Kate Swanborg
Este comentário vem em um momento onde muito da criação passa a ser guiada ou escrita por inteligências artificiais como o ChatGPT, ou então na criação de imagens como na abertura de Invasão Secreta, da Marvel e Disney.
“Por outro lado, a tecnologia (IA) que pode automatizar tarefas de rotina e que são baseadas em dados, nos nossos servidores e infraestrutura é fantástica. Ela permite que nossos engenheiros foquem em pontos mais importantes e permite que fiquemos no topo quando pensamos em tecnologias e arte. É um campo muito fascinante.”
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Fonte: Olhar Digital
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