As marcas de automóveis chinesas estão a caminho de responder por pouco mais de 50% dos carros vendidos em seu mercado doméstico em 2023. Isso graças ao crescente domínio dos veículos elétricos, conforme informou a consultoria automotiva AlixPartners nesta quarta-feira (05).

Para quem tem pressa:

Isso representaria a primeira vez que as montadoras chinesas controlariam uma participação majoritária no mercado automotivo da China – o maior do mundo.

A China ultrapassou o Japão como o maior exportador de automóveis do mundo no primeiro trimestre deste ano.

Marcas chinesas ‘em casa’

Trânsito na China
(Imagem: Jason Lee/Reuters)

Nas últimas quatro décadas, o mercado automotivo da China foi dominado por marcas globais estabelecidas – por exemplo, Volkswagen e Toyota – operando em joint ventures com parceiros chineses.

No entanto, preços competitivos, lançamentos mais rápidos e a ascensão de montadoras domésticas de carros elétricos – por exemplo, BYD, Nio e Xpeng Motors – mudaram a dinâmica entre as fabricantes na China.

A AlixPartners previu que as vendas gerais de automóveis na China cresceriam 3% este ano, para 24,9 milhões de veículos, recuperando o nível de vendas antes da Covid-19.

A empresa também previu um crescimento de 30,6 milhões de veículos em 2030, quando projetou que mais da metade dos veículos vendidos na China seriam EVs (veículos elétricos).

EVs na China

Carros elétricos carregando em parada na estrada
(Imagem: Rawpixel)

O mercado da China para o que chama de NEVs (“veículos de nova energia”) – entram aqui híbridos plug-in e elétricos puros – se beneficiou de subsídios bilionários.

Entre 2016 e 2022, o governo chinês garantiu subsídios equivalentes a US$57 bilhões (aproximadamente R$277 bilhões na cotação atual), segundo a consultoria.

Em contrapartida, o governo dos EUA forneceu US$12 bilhões (R$58 bilhôes) em subsídios durante esse período, de acordo com a AlixPartners.

No entanto, as fabricantes chinesas de veículos elétricos também ganharam terreno com foco em recursos como sistemas avançados de assistência ao motorista, mesmo em carros mais baratos, disse a empresa.

Próximos passos

Linha de produção da Tesla
(Imagem: Getty Images)

Essa competitividade tornará as montadoras chinesas tão disruptivas para as montadoras globais estabelecidas nos próximos anos quanto a Tesla, disse Stephen Dyer, que dirige a consultoria automotiva AlixPartners na Ásia.

Seria melhor para as marcas estrangeiras aprender com as novas startups chinesas de veículos elétricos se quiserem sobreviver na China ou enfrentar o impacto perturbador dessas marcas em seus mercados domésticos.

Stephen Dyer, diretor da AlixPartners na Ásia

Dyer previu que as vendas anuais de carros de marca chinesa em mercados estrangeiros cresceriam para nove milhões de veículos até 2030.

Isso daria às marcas chinesas 30% da participação global e uma participação de mercado de 15% na Europa, 19% na América do Sul e 19% no Sudeste Asiático e Sul da Ásia.

O mercado da China também enfrenta excesso de capacidade. E Dyer prevê uma onda de consolidação.

Apenas de 25 a 30 das 167 marcas NEV podem sobreviver até 2030, disse Dyer. Mais de dois terços dessas marcas não registraram vendas em 2022, acrescentou.

Com informações da Reuters

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