Luiz Araújo já chegou (e estreou), Allan foi anunciado, De La Cruz ainda é um sonho. Mas a grande notícia, e talvez o grande reforço para o Flamengo na segunda metade da temporada, já estava no clube, e se chama Bruno Henrique.
Depois de reconstruir o ligamento cruzado anterior, BH ficou dez meses fora dos gramados. Em abril, começou, aos poucos, a voltar a jogar. Gradativamente, ganhando minutos aqui e ali, alternando entre ser opção no banco e passar a semana em recuperação. Era notório que a volta seria difícil.
Depois de passar quase um mês afastado, entre maio e junho, Bruno Henrique entrou em campo na reta final do jogo contra o Grêmio. De cabeça, marcou o gol que tirou um peso enorme das costas. A partir dali, com a confiança de volta, a recuperação física entrou em um novo estágio.
Ainda em junho, contra o Aucas, foi titular pela primeira vez desde o retorno. Marcou novamente, e foi de novo ovacionado no Maracanã na goleada que confirmou passagem para a segunda fase da Libertadores.
A partir do jogo contra o Aucas, já estava claro que BH estava perto de recuperar a potência física que marcou sua carreira. Com piques de velocidade mais constantes, arranques mais potentes e movimentos menos limitados, se soltou mais, se sentiu mais Bruno Henrique. Fez a torcida sentir, de novo, que ele estava, de fato, de volta.
Na quarta, contra o Athletico Paranaense, a última prova que faltava: em um jogo decisivo, Bruno Henrique apareceu para garantir a vitória do Fla sobre o Furacão, por 2 a 1. O homem dos jogos decisivos está de volta.
Bruno Henrique chegou ao Flamengo em 2019. Nos primeiros meses de clube, marcou seis gols em três clássicos cariocas, dois em cada rival. Na final do Estadual, anotou os dois tentos que deram o título ao Rubro-Negro contra o Vasco.
Nos clássicos, Bruno Henrique ajudou o Fla a conquistar uma grande soberania sobre o rival Vasco, anotando sete gols contra o Cruz-Maltino. Um deles foi decisivo na campanha do título Brasileiro de 2020: na rodada 34, BH marcou o gol do triunfo sobre o Vasco, mantendo o Fla na cola do então líder, Inter, que seria ultrapassado na sequência. Contra os outros rivais, foram, ainda, três tentos contra o Botafogo, e quatro contra o Fluminense.
Em matas-matas, na campanha do título da Libertadores de 2019, o artilheiro decisivo marcou os gols rubro-negros que derrubaram o Inter, nas quartas, e deixou sua marca na ida e na volta da semifinal, contra o Grêmio.
Se agora marcou nas quartas da Copa do Brasil contra o Athletico, Bruno Henrique, em 2020, abriu o caminho para o Fla na decisão da Supercopa contra os paranaenses, que terminou 3 a 0 para os cariocas.
O retrospecto de gols decisivos, que já voltou a se confirmar desde o retorno, será um grande adendo a Sampaoli no momento mais importante da temporada até aqui. Mas não será o único fator que faz do retorno de Bruno Henrique imprescindível ao time.
Sampaoli costuma modificar bastante suas equipes de um jogo para outro. A análise do adversário, muitas vezes, faz o treinador repensar a escalação de sua equipe, se preparando jogo a jogo para adaptar estratégias variadas. Bruno Henrique, nesse sentido, traz ao técnico um repertório tático muito importante.
Em termos de características e funções em campo, nenhum jogador no elenco rubro-negro entrega o que BH pode entregar. O repertório tático de Sampaoli, com Bruno Henrique, terá bem mais profundidade.
Everton e Luiz Araújo são atacantes de amplitude, bem abertos, com características de cortar da ponta para o meio, mas sem tanto ataque à profundidade, sem infiltrar para aparecer na área e decidir jogadas. Gabigol, por sua vez, apesar de se considerar um atacante central, consegue se movimentar bem no último terço, flutuando bastante. Mas não tem a força de arranque, não consegue progredir com bola em velocidade e, canhoto, quando atua aberto pela direita, normalmente, como Araújo, corta para o meio. Pedro, por sua vez, ocupa a faixa de campo de Gabigol, ainda mais limitado em termos de movimentação, sempre mais próximo da área.
Bruno Henrique aparece como um atacante que consegue ter velocidade no 1 vs. 1, força no arranque, condução de bola e, apesar de flutuar pela canhota, atacando bem a profundidade nessa faixa do campo, pode também aparecer com poder de decisão na área. Com uma impulsão fora de série, consegue ser decisivo no jogo aéreo. Sua boa leitura de jogo o faz tomar boas decisões em termos de infiltrações e ataques ao espaço.
Se Sampaoli optar por atuar no 4-4-2 ou 3-5-2, Bruno Henrique complementa Pedro e Gabigol. Se quiser jogar no 4-3-3, BH traz muito repertório como atacante pela canhota. Até no 4-2-3-1, o atacante pode aparecer na esquerda, embora com características diferentes dos pontas que dão mais amplitude ao time e abrem bem o campo.
Não necessariamente Bruno Henrique vai ser titular do Flamengo daqui até o final do ano. Mas tê-lo no elenco abre uma gama de possibilidades para Sampaoli. Um reforço e tanto para o argentino, que ganha muito mais repertório ofensivo e, além de tudo, um jogador decisivo quando se mais precisa de um.
Fonte: Ogol
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